O anticomunismo da CIA e a Escola de Frankfurt

Por Gabriel Rockhill (1), via The Philosofical Salon, Traduzido por Daniela Barbosa

Fundamentos da indústria global de teoria

A teoria crítica da Escola de Frankfurt tem sido, assim como a teoria francesa, um dos recursos mais populares da indústria global de teoria. Juntas, elas servem como uma fonte comum para muitas formas de críticas teóricas inovadoras que atualmente dominam o mercado acadêmico no mundo capitalista, desde a teoria pós-colonial e decolonial à teoria queer, afropessimismo e além. A orientação política da Escola de Frankfurt teve, portanto, um efeito fundamental na intelligentsia ocidental globalizada.

Os luminares da primeira geração do Instituo para Pesquisa Social — em especial Theodor Adorno e Max Horkheimer, que serão o foco deste artigo — são figuras imensas no que se refere como marxismo ocidental ou cultural. Para aqueles familiarizados com a reorientação de Jürgen Habermas para longe do materialismo histórico na segunda e terceira gerações da escola Frankfurt, esse trabalho inicial frequentemente representa uma verdadeira era de ouro da teoria crítica, quando ainda era, embora talvez passiva ou pessimista, dedicada de alguma forma à política radical. Se há um grão de verdade nessa hipótese se dá apenas ao considerar que o início da Escola de Frankfurt é comparado a gerações posteriores que remodelaram a teoria crítica como ideologia liberal radical — ou até mesmo abertamente liberal [1]. No entanto, esse ponto de comparação significa abaixar demasiadamente os padrões, como acontece toda vez que se reduz a política a apenas política acadêmica. Afinal, a primeira geração da Escola de Frankfurt viveu alguns dos confrontos mais cataclísmicos da luta de classes global do século XX, quando uma verdadeira guerra mundial intelectual era travada pelo significado e importância do comunismo.
Para não serem retratados como idiotas da história, ou do provincianismo da academia ocidental, é, portanto, importante contextualizar novamente o trabalho do Instituo para Pesquisa Social em relação à luta de classes internacional. Uma das características mais importantes desse contexto era a tentativa desesperada, por parte da classe dominante capitalista, de seus dirigentes estatais e ideólogos, para redefinir a esquerda — segundo as palavras do agente da CIA da guerra fria, Thomas Braden — como a “compatível”, ou seja, não comunista esquerda [2]. Como Braden e outros envolvidos explicaram em detalhe, uma faceta importante dessa luta consistia no uso de fundos monetários de fundações e de grupos de frente da Agência, como o Congresso pela Liberdade Cultural (CCF em inglês), a fim de promover o anticomunismo e atrair esquerdistas para assumirem posições contra o socialismo que de fato existia.
Horkheimer participou de pelo menos uma excursão organizada pelo CCF em Hamburgo [3]. Adorno foi publicado pela revista Der Monat, que era financiada pela CIA, também a maior resenha do tipo na Europa, e modelo para muitas agências e outras publicações. Seus artigos apareceram também em outras duas revistas da CIA: Encounter e Tempo presente. Ele também hospedou em sua casa, se correspondeu e colaborou com o agente da CIA que provavelmente era a figura principal na Kulturkampf (luta pela cultura em alemão) anticomunista alemã: Melvin Lasky [4]. Ele foi o fundador e editor-chefe da Der Monat e membro do comitê de direção original para o CCF da CIA. Lasky disse a Adorno que estava disponível para qualquer forma de colaboração com o Instituto para Pesquisa Social, incluindo publicar seus artigos e qualquer outra declaração o mais cedo possível em suas páginas [5]. Adorno aceitou a oferta e enviou quatro manuscritos não publicados, incluindo Eclipse da Razão de Horkheimer em 1949 [6].

A longa colaboração de Horkheimer teve, portanto, uma íntima conexão com a rede do CCF na Alemanha Ocidental e seu nome aparece em um documento, provavelmente de 1958 ou 1959, que traçava planos para um comitê completamente alemão do CCF [7]. Além disso, mesmo após ser revelado em 1966 que essa organização de propaganda internacional era uma fachada para a CIA, Adorno continuou a ser “incluído na expansão dos planos do quartel-general de Paris [do CCF]” porque na parte da Alemanha supervisionada pelos EUA as “atividades continuavam normais” [8]. Como veremos, essa é apenas a ponta do iceberg e nenhum pouco surpreendente dada a ascensão a proeminência global de Adorno e Horkheimer dentro das redes de elite da esquerda anticomunista.

Uma análise dialética da produção teórica

A análise que se segue é baseada em um relato dialético da totalidade social que situa as práticas teóricas subjetivas desses dois fundadores da teoria crítica no mundo objetivo da luta de classes internacional. Ela não aceita a linha divisória arbitrária que muitos acadêmicos burgueses e mesquinhos tentam desesperadamente erguer entre produção intelectual e o amplo mundo socioeconômico como se o “pensamento” de alguém pudesse, e devesse, ser separado de sua “vida”, assim como do sistema material de produção teórica, circulação e recepção que aqui mencionarei como o aparato intelectual. Essa suposição não dialética, afinal, nada mais é que um sintoma de uma abordagem idealista do trabalho teórico, que supõe haver um reino espiritual e conceitual que funciona completamente independente da realidade material e da economia política de conhecimento.

Essa suposição perpetua o fetichismo da mercadoria intelectual, ou seja, a idolatria dos produtos sagrados da indústria de teoria que nos proíbe de situá-los nas relações sociais globais de produção e luta de classes. Também serve aos interesses daqueles que são ou aspiram ser parte de uma determinada franquia na indústria global de teoria, seja ela “teoria crítica da Escola de Frankfurt” ou qualquer outra, porque protege a imagem de marca da própria franquia (que permanece imaculada pelas relações sociais reais de produção). Enquanto o fetichismo de mercadoria intelectual for a principal característica de consumo na indústria de teoria, a gestão de imagem de marca é a marca registrada da produção.
Para uma análise dialética como essa, é importante reconhecer que Adorno e Horkheimer de fato mobilizaram sua operação subjetiva na formulação de críticas significativas ao capitalismo, à sociedade de consumo e à indústria cultural. Longe de negar isso, eu gostaria simplesmente de situar essas críticas no mundo social objetivo, o que envolve fazer uma pergunta muito simples e prática raramente feita nos meios acadêmicos: se o capitalismo é reconhecido como tendo efeitos negativos, o que será feito sobre isso? Quanto mais se explora sua obra e trabalho, peneirando o obscurantismo deliberado de seu discurso, mais óbvia sua resposta se torna e mais fácil é compreender a função social primária de seu projeto intelectual compartilhado. Por mais críticos que às vezes sejam do capitalismo, eles frequentemente afirmam não haver alternativa e nada pode ou deve ser feito a respeito. Além disso, como veremos, suas críticas ao capitalismo não são nada em comparação a sua condenação intransigente do socialismo. Sua marca de teoria crítica acaba levando a uma aceitação da ordem capitalista, já que o socialismo é considerado a pior das opções. Não muito diferente da maioria dos outros discursos em voga na academia capitalista, eles apresentam uma teoria crítica que poderíamos chamar de Teoria TMS (tudo menos socialismo).

Sendo assim, não surpreende nenhum pouco que Adorno e Horkheimer tenham recebido tanto apoio e cresceram no mundo capitalista. A fim de apoiar a esquerda compatível e não comunista sobre e contra a ameaça do socialismo de fato existente, que tática seria melhor do que defender estudiosos como esses como sendo alguns dos mais importantes, até mesmo mais radicais, pensadores marxistas no século XX? O “marxismo” pode então ser redefinido como um tipo de teoria crítica anticomunista que não é diretamente conectada à luta de classes de baixo para cima, mas critica livremente todas as formas de “dominação” e que, em última análise, se alinha com sociedades de controle capitalista sobre e contra os supostos horrores “fascistas” de estados socialistas poderosos. Desde que o anticomunismo ignorante tem sido amplamente promovido na cultura capitalista, essa tentativa de redefinição do marxismo talvez não seja reconhecida de imediato por alguns leitores como reacionária e chauvinista social (no sentido que, no fim, eleva a sociedade burguesa acima de qualquer alternativa). Infelizmente, grandes faixas da população no mundo capitalista foram incutidas a responder de forma automática e instintiva com calúnias desinformadas ao invés de rigorosa análise quando se trata do socialismo realmente existente. Como história material desses projetos, com seus altos e baixos — em vez de histórias de horror mitológico que de forma propagandística foram construídas em torno de um bicho-papão comunista — ela será fundamental para entender o argumento seguinte; tomo a liberdade de dirigir o leitor a profunda e rica obra de historiadores rigorosos como Annie Lacroix-Riz, Domenico Losurdo, Carlos Martinez, Michael Parenti, Albert Szymanski, Jacques Pauwels e Walter Rodney, entre outros. Também encorajo o leitor a examinar as importantes comparações quantitativas entre capitalismo e socialismo empreendida por analistas exigentes como Minqi Li, Vicente Navarro e Tricontinental: Instituto para Pesquisa Social [9]. Esse trabalho é anátema para a ideologia dominante, por boa razão, pois examina cientificamente a evidência em vez de depender de velhos tropos e reflexos ideológicos desinformados. Além disso, é o tipo de trabalho histórico e materialista que tem sido amplamente ofuscado pelas formas especulativas de teoria crítica promovida pela indústria global de teoria.

Intelectuais na era da revolução e guerra de classes global

Ainda que suas vidas tenham sido marcadas por eventos históricos mundiais da Revolução Russa e a tentativa revolucionária na Alemanha, Adorno e Horkheimer eram estetas cautelosos com o suposto pântano da política em massa. Embora seus interesses no marxismo tenham sido despertados por esses incidentes, eram principalmente de natureza intelectual. Horkheimer envolveu-se um pouco em atividades em torno da república do conselho de Munique após a Primeira Guerra Mundial, especialmente ao fornecer apoio para alguns dos envolvidos após o conselho ter sido brutalmente reprimido. No entanto, ele — o mesmo é ainda mais verdade para Adorno — “continuou a manter distância dos explosivos eventos políticos da época e a devotar-se em especial às suas preocupações pessoais” [10].

A posição de classes dos dois estava longe de ser insignificante a esse respeito, pois os posicionava, assim como sua visão política, no vasto e objetivo mundo das relações sociais de produção. Ambos os teoristas da Escola de Frankfurt vinham de famílias afluentes. O pai de Adorno era um “rico comerciante de vinhos” e o de Horkheimer era “dono de várias fábricas têxteis e milionário” [11]. Adorno “não tinha nenhum vínculo pessoal com a vida política socialista” e manteve ao longo de sua vida “uma profunda aversão à filiação formal em qualquer organização partidária” [12]. Da mesma forma, Horkheimer nunca foi “um membro declarado de qualquer partido da classe operária” [13]. O mesmo geralmente acontece com outras figuras envolvidas nos primeiros anos da Escola de Frankfurt: “nenhum dos pertencentes ao círculo de Horkheimer era politicamente ativo; nenhum teve inícios no movimento operário, ou no marxismo” [14].

Nas palavras de John Abromeit, Horkheimer procurou preservar a suposta independência da teoria e “rejeitou a posição de Lenin, Lukács e dos bolcheviques de que a teoria crítica deve estar enraizada” na classe operária ou, mais especificamente, nos partidos da classe operária [15]. Ele encorajou críticos teóricos a operarem como agentes intelectuais livres em vez de fundamentarem suas pesquisas no proletariado, o tipo de trabalho que ele menosprezava dizendo ser “propaganda totalitária” [16]. A posição geral de Adorno, como a de Herbert Marcuse, foi resumida por Marie-Josée Levallée nos seguintes termos: “o partido bolchevique, do qual Lenin fez vanguarda da Revolução de Outubro, era uma instituição centralizada e repressora que moldaria o Estado Soviético à sua imagem e tornaria a ditadura do proletariado em sua própria ditadura” [17].

Quando Horkheimer assumiu a direção do Instituo para Pesquisa Social em 1930, sua gestão foi caracterizada por preocupações especulativas com cultura e autoridade em vez de rigorosas análises históricas e materialistas do capitalismo, luta de classes e imperialismo. Nas palavras de Gillian Rose, “ao invés de politizar a academia”, o Instituo sob Horkheimer “academizou a política” [18]. Talvez em nenhum outro lugar isso tenha sido mais claro do que na “constante política do Instituo sob a direção de Horkheimer” que “continuou a abster-se, não apenas de qualquer atividade remotamente política, mas também de qualquer esforço coletivo e organizado para divulgar a situação na Alemanha ou apoiar os emigrados” [19]. Com a ascensão do nazismo, Adorno tentou se esconder supondo que o regime teria como alvo apenas os “ortodoxos bolcheviques pró soviéticos e comunistas que chamaram atenção para si mesmos politicamente” (de fato, eles seriam os primeiros a serem colocados em campos de concentração) [20]. Ele “se absteve de críticas públicas de qualquer tipo dos nazistas e de suas políticas de ‘grande poder’” [21].

Teoria crítica ao estilo americano

Essa recusa em abertamente participar de políticas progressistas se intensificou quando os líderes do Instituto a levaram para os Estados Unidos no começo da década de 1930. A Escola de Frankfurt se adaptou “à ordem local burguesa, censurando seu próprio trabalho anterior e atual para acomodar as sensibilidades acadêmicas ou corporativas locais” [22]. Horkheimer teve palavras como marxismo, revolução e comunismo eliminadas de suas publicações para evitar ofender seus patrocinadores estadunidenses [23]. Além disso, qualquer tipo de atividade política era rigorosamente proibido, como explicou mais tarde Herbert Marcuse [24]. Horkheimer concentrou sua energia em assegurar financiamento corporativo e estatal para o Instituto, até contratou uma empresa de relações-públicas para promover o trabalho do Instituto nos Estados Unidos. Portanto, outro migrante da Alemanha, Bertolt Brecht, não estava totalmente sem razão quando criticamente descreveu os acadêmicos de Frankfurt como — nas palavras de Stuart Jeffries — “prostitutos em busca de apoio inicial durante seu exílio americano, vendendo suas habilidades e opiniões como mercadoria a fim de apoiar a ideologia dominante da sociedade opressiva dos EUA” [25]. De fato, eles eram agentes intelectuais livres, não limitados por qualquer organização em sua busca de patrocínio corporativo e estatal para seu tipo de teoria crítica com conhecimento de mercado.

Walter Benjamin, amigo íntimo de Brecht, era um dos mais importante interlocutores marxistas dos acadêmicos de Frankfurt na época. Ele não pôde se juntar aos outros nos Estados Unidos porque tragicamente cometeu suicídio em 1940 na fronteira entre França e Espanha; na noite anterior, ele se deparou com uma quase certeira captura pelos nazistas. Segundo Adorno, ele “se matou após já ter sido salvo” porque “foi feito membro permanente do Instituo e sabia disso” [26]. Nas palavras do famoso filósofo, ele estava “cheio de dinheiro” para sua viagem e sabia “que poderia confiar completamente em nós materialmente” [27]. Essa versão da história, que apresenta o suicídio de Benjamin como uma decisão pessoal incompreensível dada as circunstâncias, foi um ato de falsidade em prol de exoneração pessoal e institucional, segundo uma análise detalhada recentemente publicada por Ulrich Fries. As principais figuras da Escola de Frankfurt, argumenta Fries, não apenas não estavam dispostas a auxiliar Benjamin financeiramente em sua fuga dos nazistas, mas também realizaram uma extensa campanha de encobrimento para dissimuladamente se apresentarem como seus benevolentes benfeitores.

Antes de seu suicídio, Benjamim dependia financeiramente do Instituo e recebia uma pensão mensal. No entanto, os acadêmicos da Escola desprezavam a influência de Brecht e do marxismo revolucionário na obra dele. Adorno não teve nenhum remorso em descrever Brecht com o epíteto anticomunista “selvagem” ao explicar para Horkheimer que Benjamin precisava ser liberto “definitivamente” de sua influência [28]. Não surpreende que Benjamin temesse perder sua pensão devido, em parte, às críticas de Adorno sobre seu trabalho e sua recusa em publicar uma seção de seu estudo sobre Baudelaire em 1938 [29]. Na mesma época em que as forças fascistas se aproximavam de Benjamin, Horkheimer explicitamente lhe disse que ele deveria se preparar para a interrupção de sua única fonte de renda desde 1934. Horkheimer alegou, além disso, que suas mãos estavam “infelizmente atadas” quando ele se recusou a financiar a viagem de Benjamin para um lugar seguro ao não pagar por uma passagem em um barco a vapor para os EUA que teria custado menos de $200 [30]. Isso ocorreu literalmente “um mês após [Horkheimer] transferir outros $50 mil para uma conta exclusivamente à sua disposição” e foi a “segunda vez em oito meses” em que ele garantiu mais $50 mil (o equivalente a um pouco mais de um milhão de dólares em 2022) [31]. Em julho de 1939, Friedrich Pollock também obteve outros $130 mil para o Instituto com Felix Weil, o rico filho de um milionário capitalista cujos lucros de uma empresa de grãos na Argentina, especulação imobiliária e comércio de carne financiavam a Escola de Frankfurt.

Era vontade política, não dinheiro, que lhes faltava. De fato, Fries concorda com Rolf Wiggershaus de que a cruel decisão de Horkheimer de abandonar Benjamin foi parte de um padrão mais amplo segundo o qual os diretores “sistematicamente colocavam a realização de seus objetivos pessoais acima dos interesses de todos os outros” enquanto propagavam a falsa aparência de “notável compromisso com os perseguidos pelo regime nazista”[32]. Como se para colocar o último prego no caixão de Benjamin, seu espólio literário foi mais tarde expurgado de seus elementos marxistas mais explícitos, segundo Helmut Heißenbüttel. “Em tudo que Adorno fez pelo trabalho de Benjamin, o lado materialista-marxista permanece apagado. […] O trabalho surge em uma reinterpretação na qual o polêmico correspondente sobrevivente impõe seu ponto de vista” [33]. Todd Cronan argumentou haver uma mudança palpável na orientação política geral da Escola de Frankfurt por volta de 1940 — o ano em que Pollock escreveu “Capitalismo de Estado” — à medida que cada vez mais dava as costas à análise de classe em favor de privilegiar raça, cultura e identidade. “Muitas vezes parece para mim”, escreveu Adorno para Horkheimer naquele ano, “que tudo que víamos do ponto de vista do proletariado se concentra hoje na temível força sobre os judeus” [34]. Segundo Cronan, Adorno e Horkheimer “internamente apresentaram a possibilidade de o marxismo enxergar classe como uma questão de poder e dominação ao invés de econômica (os judeus não eram uma categoria definida pela exploração econômica). E quando essa possibilidade foi apontada, se tornou o modo de análise dominante da esquerda em geral” [35]. Em outras palavras, os teóricos de Frankfurt ajudaram a preparar o terreno para uma mudança mais ampla da análise materialista histórica fundada na economia política rumo ao culturalismo e política de identidade que se consolidaria na era neoliberal.

Sendo assim, é bastante revelador que o Instituto tenha realizado um imenso estudo de “Antissemitismo na obra americana” de 1944 a 1945, sob a gerência de Pollock. O fascismo subiu ao poder com amplo apoio financeiro da classe dominante capitalista e ainda estava no caminho da guerra no mundo todo. Mesmo assim, os acadêmicos de Frankfurt foram contratados para se concentrarem no suposto antissemitismo das obras americanas e não nos financiadores capitalistas do fascismo ou verdadeiros nazistas que travavam uma guerra contra os soviéticos. Eles chegaram a notável conclusão de que os sindicatos “dirigidos por comunistas” eram os piores de todos e que, portanto, tinham tendências “fascistas”: “os membros desses sindicatos são mais fascistas do que comunistas” [36]. O estudo em questão foi encomendado pelo Comitê Trabalhista Judeu (JLC em inglês). Um dos líderes do JLC, David Dubinsky, tinha inúmeras conexões com a Agência de Inteligência Central (CIA em inglês) e estava envolvido, assim como os agentes da CIA Jay Lovestone e Irving Brown, na ampla campanha da Companhia de tomar comando do trabalho organizado e expurgá-lo de comunistas [37]. Ao identificar os sindicatos comunistas como os mais antissemitas, até mesmo como “fascistas”, a Escola de Frankfurt parece ter fornecido algumas das justificativas ideológicas para destruir o movimento trabalhista comunista.

Alguns podem considerar que a colaboração do Instituto para Pesquisa Social com as autoridades dos EUA e a autocensura são justificáveis devido às atitudes anticomunistas e, às vezes, filofascistas da elite do poder dos EUA, sem mencionar os atos e decretos do inimigo estrangeiro [38]. De fato, com base em uma análise detalhada do histórico e atividades do Instituto em 21 de janeiro de 1944, a Agência Federal de Investigação (FBI em inglês) mobilizou várias iscas para espionar os acadêmicos por cerca de dez anos devido a uma preocupação de que o Instituto poderia servir como uma fachada comunista [39]. Os informantes incluíam membros próximos do Instituto como Karl Wittfogel, outros colegas profissionais e até mesmo vizinhos. A agência, no entanto, encontrou pouca ou nenhuma evidência de comportamento suspeito e seus agentes parecem ter se tranquilizado quando alguns de seus delatores, que eram pessoalmente próximos dos acadêmicos da Escola, explicaram que os teóricos críticos “acreditavam não haver diferença entre Hitler e Stalin quanto ao seu propósito e tática” [40]. De fato, como veremos abaixo, eles argumentaram essa questão em alguns de seus trabalhos, inclusive quando se estabeleceram na Alemanha Ocidental e não estavam mais sob a ameaça direta da vigilância do FBI e possível encarceramento ou deportação.

Difamar o Oriente e defender — enquanto a serviço de — o Ocidente

Nos anos de 1945 a 1950, os líderes intelectuais da Escola de Frankfurt transferiram o Instituto de volta à Alemanha Ocidental, um dos epicentros para o mundo intelectual contra o comunismo. “Nesse meio”, escreve Perry Anderson, “no qual o KPD (Partido Comunista da Alemanha) seria banido e o SPD (Partido social-democrata da Alemanha) formalmente abandonaria qualquer ligação com o marxismo, a despolitização do Instituto foi concluída” [41]. Ninguém menos que Jürgen Habermas — que, nos primeiros anos, por vezes superava Adorno e Horkheimer quanto a esquerda— acusou Horkheimer de “conformidade oportunista que estava em desacordo com a tradição crítica” [42]. De fato, Horkheimer continuava sua censura do trabalho do Instituto, se recusando a publicar dois artigos escritos por Habermas que criticavam a democracia liberal e falavam de “revolução”, ousando sugerir a possibilidade de uma emancipação das “correntes da sociedade burguesa” [43]. Em sua correspondência pessoal, Horkheimer concordou abertamente com Adorno de que “simplesmente não é possível obter reconhecimento desse tipo em um relatório de pesquisa de um Instituto que existe à base de financiamento público dessa restrita sociedade” [44]. Parece ser uma admissão direta de que a base econômica da Escola Frankfurt era a potência por trás de sua ideologia, ou pelo menos em seu discurso público.

É também importante lembrar que cinco dos oito membros do círculo de Horkheimer trabalharam como analistas e propagandistas para o governo dos EUA e para a segurança nacional, “que tinha interesse na continuidade da lealdade à Escola de Frankfurt porque vários de seus membros trabalhavam em projetos de pesquisas governamentais sensíveis” [45]. Embora Horkheimer e Adorno não estivessem entre eles, já que recebiam mais apoio do Instituto, Adorno originalmente migrou para os Estados Unidos para trabalhar no Escritório de Pesquisa de Rádio de Paul Lazarsfeld, um dos “verdadeiros adjuntos do programa de guerra psicológica do governo” [46]. Esse centro de estudos de comunicação recebeu uma grande doação de 67 mil dólares da Fundação Rockefeller e trabalhou muito próximo da segurança nacional dos EUA (o dinheiro do governo constituía mais de 75% de seu orçamento anual). A Fundação Rockefeller também financiou o primeiro retorno de Horkheimer à Alemanha em abril de 1948, quando ele assumiu a função de professor convidado na Universidade de Frankfurt.

Não esqueçamos que os Rockefellers são uma das maiores famílias criminosas na história do capitalismo dos EUA e usam sua fundação como refúgio tributário que os permite mover uma porção de sua fortuna roubada “para a corrupção de atividade intelectual e da cultura” [47]. Além disso, estavam diretamente envolvidos com a segurança nacional durante a época do patrocínio da Escola de Frankfurt. Depois de atuar como diretor no Escritório do Coordenador de Assuntos Interamericanos (uma agência federal de propaganda cujo trabalho se assemelhava ao Escritório de Serviços Estratégicos e à CIA), Nelson Rockefeller se tornou, em 1954, o “’supercoordenador’ de operações clandestinas de inteligência com o título de Assistente Especial do Presidente para Estratégias da Guerra Fria” [48]. Ele também permitiu que a Fundação Rockefeller fosse usada como um canal para o dinheiro da CIA, muito parecido com várias outras fundações capitalistas com um extenso histórico de colaborar de perto com a Companhia (como revelado pelo relatório do Comitê Church e outras fontes).

Com todas essas ligações com a classe dominante capitalista e o império estadunidense, não surpreende que o governo dos EUA tenha apoiado a mudança do Instituto de volta à Alemanha Ocidental com uma grande doação de 435 mil DM em 1950 (103.695,00 dólares, ou o equivalente a 1.195.926,00 dólares em 2022) [49]. Esses fundos eram administrados por John McCloy, o Alto Comissário dos EUA para a Alemanha. McCloy era um membro central da elite do poder dos EUA, trabalhou como jurista e banqueiro para grandes petrolíferas e para IG Farben; foi também quem concedeu amplos indultos e comutações a criminosos de guerra nazistas. Após ter servido como um dos arquitetos da segurança nacional estadunidense durante a Segunda Guerra Mundial, McCloy — em uma mudança de carreira indicativa da relação íntima entre o estado paralelo e a classe dominante capitalista — se tornou o presidente do Banco Chase Manhattan, do Conselho de Relações Internacionais e da Fundação Ford. Além dos fundos concedidos por McCloy, o Instituto também recebeu apoio de doares particulares, da Sociedade de Pesquisa Social e da cidade de Frankfurt. Em 1954, o Instituto também assinou um contrato de pesquisa com a corporação Mannesmann que “foi membro fundador da Liga Antibolchevique e financiou o Partido nazista” [50]. Durante a Segunda Guerra Mundial, Mannesmann usou trabalho escravo e seu presidente do conselho era o nazista Wilhelm Zangen, líder da economia de guerra do Terceiro Reich [51]. O contrato pós-guerra da Escola de Frankfurt com essa empresa tinha como objetivo um estudo sociológico das opiniões dos trabalhadores, com a implícita sugestão de que esse estudo ajudaria a administração a parar ou impedir uma organização socialista.

Talvez a melhor explicação da razão pela qual governos capitalistas e corporocracias apoiariam o Instituto para Pesquisa Social seja encontrada nas palavras de Shepard Stone. Devemos notar que Stone tinha um histórico em jornalismo e inteligência militar antes de atuar como Diretor de Relações Internacionais na Fundação Ford, onde trabalhou em estreita colaboração com a CIA no financiamento de projetos culturais no mundo todo (Stone até se tornou o presidente da Associação Internacional pela Liberdade Cultural, novo nome dado ao Congresso pela Liberdade Cultural em um esforço de reformulá-lo após suas origens com a CIA terem sido reveladas). Quando Stone foi o diretor de relações-públicas para a Alta Comissão Aliada na década de 1940, ele enviou uma nota pessoal ao Departamento de Estado dos EUA para incentivar o departamento a estender o passaporte de Adorno dizendo que “o Instituto de Frankfurt está ajudando a treinar líderes alemães que terão conhecimento de técnicas democráticas. Acredito ser importante para nossos objetivos democráticos comuns na Alemanha que homens como o professor Adorno tenham uma oportunidade de trabalhar no país” [52]. O Instituto fazia o tipo de trabalho ideológico que o estado estadunidense e a classe dominante capitalista queriam — e conseguiram — apoiar.
Atendendo, e até mesmo excedendo, aos ditames da conformidade ideológica da “sociedade de grilhões” que financiou o Instituto, Horkheimer abertamente expressou seu total apoio ao governo fantoche anticomunista dos EUA na Alemanha Ocidental, cujos serviços de inteligência foram abastecidos com ex-nazistas e seu projeto imperial no Vietnã (que ele julgou necessário para deter os chineses) [53]. Falando em uma das Amerika-Häuser na Alemanha — postos avançados de propaganda na Kulturkampf anticomunista — ele declarou solenemente em maio de 1967 que “na América, quando é necessário conduzir uma guerra, e preste atenção […], não é tanto uma questão de defesa da pátria, mas é essencialmente uma questão de defesa da constituição, a defesa dos direitos do homem” [54]. Aqui o sumo sacerdote da teoria crítica descreve um país fundado como uma colônia, cuja eliminação genocida da população indígena se fundiu perfeitamente com um projeto de expansão imperialista que sem dúvida deixou a mais sangrenta marca — como argumentou MLK Jr. em abril de 1967 — na história do mundo moderno (incluindo cerca de 37 intervenções militares e da CIA entre o final da Segunda Guerra Mundial e 1967, quando Horkheimer divulgou essa vergonhosa afirmação via uma plataforma de propaganda dos EUA) [55].

Embora Adorno frequentemente cedesse às políticas mesquinhas e burguesas de cúmplice passividade, evitando pronunciamentos públicos em grandes eventos políticos, as poucas declarações que fez foram surpreendentemente reacionárias. Por exemplo, em 1956, ele escreveu um artigo com Horkheimer em defesa da invasão imperialista do Egito por Israel, Grã-Bretanha e França que visava tomar o Canal de Suez e derrubar Nasser (uma ação condenada pelas Nações Unidas). Ao referir-se a Nasser, um proeminente líder anticolonial do movimento dos não-alinhados, como “um chefe fascista […] que conspirou com Moscou”, eles proclamaram que “ninguém se atreve a dizer que esses estados árabes saqueadores há anos estão esperando uma oportunidade para atacar Israel e massacrar os judeus que encontraram refúgio ali” [56]. Segundo essa inversão pseudodialética, os estados árabes são os “saqueadores” e não os colonos trabalhando com as principais nações imperialistas para violar a autodeterminação dos árabes. Seria bom recordar a incisiva rejeição de Lenin desse sofismo, que é muito característico do que é considerado “dialético” na indústria global teórica: “não raramente a dialética serviu […] como uma ponte para o sofismo, mas continuamos dialéticos e combatemos o sofismo não quando negamos a possibilidade de todas as transformações em geral, mas analisando o dado fenômeno em seu contexto e desenvolvimento” [57]. Essa análise concreta e materialista é precisamente o que falta em inversões idealistas à la Adorno e Horkheimer.

Os líderes da Escola de Frankfurt publicaram um de seus textos mais evidentemente político naquele mesmo ano. Em vez de apoiar o movimento global pela libertação anticolonial e a construção de um mundo socialista, eles celebram — com apenas algumas pequenas exceções — a superioridade do Ocidente ao mesmo tempo que repetidamente diminuem a União Soviética e a China. Apelando para uma reserva de descrições racistas para os “bárbaros” do Oriente, a quem descreveram usando um vocabulário abertamente sub-humano com termos como “animais” e “hordas”, proclamaram categoricamente que estes são “fascistas” e que escolheram a “escravidão” [58]. Adorno até repreende alemães que erroneamente pensam que “os russos defendem o socialismo”, lembrando-os que os russos são, na verdade, “fascistas” e acrescenta que os “industriais e banqueiros” — com os quais ele aqui se identifica— já sabem disso [59].
“Tudo que os russos escrevem cai em ideologia, em tolices ignorantes e grosseiras”, afirma descaradamente Adorno nesse texto, como se tivesse lido tudo que os russos escreveram; embora ele, como de costume, não cita uma única fonte (ele nem mesmo lia russo, até onde eu saiba) [60]. Afirmando haver “um elemento de nova barbarização” na forma de pensar dos russos, que segundo ele também é encontrado em Marx e Engels, Adorno afirma descaradamente que é “mais reificado do que no pensamento burguês mais avançado” [61]. Como se essa arrogância e hipocrisia não bastassem, Adorno teve a audácia de chamar esse projeto de artigo com Horkheimer de “manifesto puramente leninista” [62]. Isso em uma discussão na qual eles afirmam que “não estão convocando ninguém a agir” e Adorno explicitamente eleva o pensamento burguês ao que ele chama de “cultura em sua forma mais avançada” acima da suposta barbárie do pensamento socialista [63]. Além disso, é nesse contexto que Horkheimer insistiu em seu chauvinismo social ao afirmar, em uma conclusão histórica e mundial que não provocou nenhuma resposta por parte de seu colaborador “leninista”, que “[acredito que] a Europa e a América são provavelmente as melhores civilizações que a história produziu até agora no que diz respeito a prosperidade e justiça. O ponto-chave agora é garantir a preservação desses ganhos” [64]. Isso foi em 1956, quando os EUA ainda estavam em grande parte segregados, envolvidos em uma caça às bruxas anticomunista, em campanhas de desestabilização ao redor do mundo e haviam recentemente ampliado seu alcance imperial ao depor governos democraticamente eleitos no Irã (1953) e na Guatemala (1954), e enquanto as potências europeias travavam violentas lutas para manter suas colônias ou convertê-las em neocolônias.

“Fascismo e Comunismo são o mesmo”

Um dos argumentos políticos mais consistentes de Adorno e Horkheimer é de que há um equivalente “totalitarista” entre fascismo e comunismo se estes se manifestam em projetos socialistas de construção de Estado, movimentos anticoloniais do “terceiro mundo” ou até nas mobilizações da Nova Esquerda no mundo Ocidental. Nesses três casos, os que pensam estar fugindo da “sociedade de grilhões” estão apenas piorando as coisas. O evidente fato de que os países capitalistas ocidentais não ofereceram proteção alguma contra o fascismo, que cresceu dentro do mundo capitalista e que foi precisamente a União Soviética que decisivamente o derrotou, não parece tê-los feito refletir sobre a viabilidade dessa tese ignorante e simplista (para não falar da importância do socialismo para os movimentos anticoloniais ou as insurreições na década de 1960). Na verdade, apesar de toda sua opinião moral quanto aos horrores de Auschwitz, Adorno parece ter se esquecido de quem de fato libertou o infame campo de concentração — o Exército Vermelho.

Horkheimer havia formulado sua versão da Teoria da Ferradura com especial clareza em um panfleto de circulação limitada em 1942, que rompeu com a linguagem esópica de muitas das outras publicações do Instituto. Acusando diretamente Friedrich Engels de utopismo ao afirmar que a socialização dos meios de produção levou a um aumento em repressão e, no fim, a um estado autoritário. Segundo esse filho de milionário, “a burguesia anteriormente controlava o governo por meio de seus bens”, enquanto nas novas sociedades o socialismo simplesmente “não funcionava” exceto para produzir a errônea convicção de que alguém estava — através do partido, algum líder honrado ou a suposta marcha da história — “agindo em nome de algo maior do que si mesmo”
[65]. A posição de Horkheimer nesse texto está perfeitamente alinhada com o anticomunismo anarquista, uma ideologia amplamente difundida na Esquerda Ocidental, a qual afirma que uma “democracia sem classes” supostamente emergirá espontaneamente por meio do povo e mediante “livre acordo” sem a suposta e perniciosa influência de partidos e estados. Como Domenico Losurdo inteligentemente indicou, a máquina de guerra nazista estava devastando a URSS no começo dos anos 1940, portanto, o apelo de Horkheimer para que os socialistas abandonassem o estado e a centralização do partido equivalia a nada menos que uma exigência de que eles cedessem perante a brutalidade genocida do nazismo [66].

Embora o final do panfleto de Horkheimer de 1942 contenha sugestões ambíguas da possibilidade de haver algo desejável no socialismo, textos posteriores acarretariam a completa atenuação de sua rejeição inequívoca ao socialismo. Por exemplo, quando Adorno e Horkheimer consideravam fazer uma declaração pública de sua relação com a União Soviética, Adorno enviou a Horkheimer o seguinte rascunho de uma já planejada coautoria, argumentando que “nossa filosofia, como uma crítica dialética da tendência social geral da época, se posiciona na mais distinta oposição às políticas e doutrinas que emanam da União Soviética. Não vemos nada na prática da ditadura militar disfarçada de democracia além de uma nova forma de repressão” [67]. Assim sendo, é importante observar, dada a enorme falta de análise materialista do socialismo que de fato existia por parte de Adorno e Horkheimer, que até a CIA reconhecia que a União Soviética não era uma ditadura. Em um relatório datado do dia 02 de março de 1955, a Agência claramente declarava que “mesmo na época de Stalin havia liderança coletiva. A ideia ocidental de um ditador na estrutura comunista é exagerada. Os mal-entendidos sobre o assunto são causados por falta de compreensão da real natureza e organização da estrutura de poder do comunismo” [68].

Em 1959, Adorno publicou um texto intitulado “The Meaning of Working through the Past” (O significado de trabalhar através do passado) no qual ele reciclou a “vergonhosa verdade” da “sabedoria filisteia” referenciada nesse primeiro rascunho, ou seja, que — em completa conformidade com a dominante ideologia da Guerra Fria no Ocidente — o fascismo e o comunismo são o mesmo porque são duas formas de “totalitarismo”. Ao abertamente rejeitar o ponto estratégico da “ideologia político-econômica”, que obviamente distingue esses dois campos em guerra, Adorno alega ter acesso privilegiado a uma dinâmica sociopsicológica mais profunda que os une [69]. Como “personalidades autoritárias”, ele afirmou que ex-cathedras, fascistas e comunistas “possuem egos fracos” e compensam-nos ao se identificarem com “poder real e existente” e “grandes coletivos” [70]. A própria noção de uma “personalidade autoritária” é, portanto, um artifício enganoso voltado para sintetizar opostos por meio de psicologização pseudodialética. Isso também levanta a questão de porque a psicologia e modos específicos de pensar parecem, pelo menos aqui, serem mais centrais para a explicação histórica do que as forças materiais e a luta de classes.

Apesar da tentativa de psicologicamente identificar fascistas e comunistas, Adorno ainda sugeriu, no mesmo texto, que o ataque nazista à União Soviética poderia ser justificado, em retrospectiva, pois os bolcheviques eram — como o próprio Hitler disse — uma ameaça à civilização ocidental. Adorno afirmou que “a ameaça de que o Oriente devorará as encostas da Europa Oriental é óbvia, e quem não resistir a essa ameaça é literalmente culpado de repetir a pacificação de Chamberlain” [71]. A analogia é reveladora porque, nesse caso, significaria aplacar os comunistas “fascistas” ao menos que diretamente se lutasse contra eles. Em outras palavras, por mais obscura e complexa que sua fraseologia seja, esse parece ser um estridente apelo à oposição militar quanto a disseminação do comunismo (perfeitamente alinhado com o apoio de Horkheimer à guerra imperialista dos EUA contra o Vietnã).

A veemente rejeição de Adorno ao socialismo verdadeiramente existente também estava em plena exibição em sua comunicação com Alfred Sohn-Rethel. Alfred mais tarde perguntou-lhe se a Dialética Negativa tinha algo a dizer sobre mudar o mundo e se a Revolução Cultural Chinesa fazia parte da “tradição afirmativa” que ele condenava. Adorno respondeu dizendo rejeitar a “pressão moral” do “marxismo oficial” de colocar a filosofia em prática [72]. “Nada além do desespero pode nos salvar”, afirmou Adorno com seu estilo característico de melancolia mesquinha e burguesa [73]. Para garantir seu ponto de vista, ele acrescentou que os eventos na China comunista não eram motivos de esperança. Adorno explicou com insistência memorável que toda sua vida pensante havia sido resolutamente confrontada com essa— e provavelmente outras — forma de socialismo ao dizer que “eu teria que negar tudo que pensei em toda minha vida se admitisse sentir qualquer coisa além de horror quanto a essa questão” [74]. Essa aberta gratificação ao desespero e simultânea aversão ao socialismo que de fato existia não são simples reações pessoais e idiossincráticas e sim efeitos decorrentes de uma posição de classe. “Os representantes do movimento operário moderno”, escreveu Lenin em 1910, “notaram que há muito contra o que protestar, mas nada pelo que se desesperar” [75]. Em uma descrição que antecipava a melancolia mesquinha e burguesa de Adorno, o líder da primeira revolução socialista bem-sucedida do mundo seguiu explicando que “o desespero é típico daqueles que não entendem as causas do mal, que não veem uma saída e são incapazes de lutar” [76].

Adorno também buscou essa linha de pensamento — ou melhor, esse sentimento — em suas críticas ao ativismo estudantil anti-imperialista e anticapitalista dos anos 1960. Ele concordou com Habermas — que foi um membro da Juventude Hitlerista e estudou por quatro anos com o “filósofo nazista” (sua descrição de Heidegger) — que esse ativismo resultou no “fascismo de Esquerda”. Ele defendeu a Alemanha Ocidental como uma democracia funcional em vez de um Estado “fascista”, como alguns estudantes argumentavam [77]. Ao mesmo tempo, ele discutiu com Marcuse sobre o que julgava ser o apoio equivocado deste aos estudantes e seu movimento antiguerra, afirmando explicitamente que a resposta à pergunta “o que deve ser feito?”, para bons dialéticos, seria coisa alguma ao declarar que “o objetivo da verdadeira práxis seria sua própria abolição” [78]. Com isso, Adorno inverteu, por sofisma dialético, um dos dogmas centrais do marxismo, em especial a primazia da prática. É nesse contexto de virar Marx de cabeça para baixo que ele repetiu, mais uma vez, o mantra ideológico do mundo capitalista: “o fascismo e o comunismo são o mesmo” [79]. Apesar de se referir a esse slogan como um “pequeno truísmo burguês”, aparentemente reconhecendo sua posição ideológica, ele o aceitou abertamente [80].

O idealismo é a marca registrada das reflexões de Adorno e Horkheimer sobre o socialismo verdadeiramente existente e, de forma mais geral, sobre os movimentos sociais progressistas. Ao invés de estudar os projetos que difamaram com o mesmo rigor e seriedade com os quais, às vezes, abordavam outros tópicos, eles se basearam em representações comuns e boatos desprovidos de análises concretas (embora esporadicamente fizessem referência a algumas publicações anticomunistas, como as do fanático combatente da Guerra Fria Arthur Koestler, que foram amplamente financiadas e apoiadas por estados imperialistas e seus serviços de inteligência) [81]. É especialmente verdade no caso da difamação realizada pelo dois no que se refere aos projetos de construção do estado socialista. Suas palavras sobre o tópico não são apenas notavelmente desprovidas de referência a qualquer estudo rigoroso sobre a questão, mas procedem como se qualquer compromisso sério não fosse necessário. Esses textos se ajoelham perante a ideologia dominante, insistindo resolutamente na genuinidade anti-stalinista de seus autores, sem se preocupar com os detalhes, nuances ou complexidades.

Não podemos deixar de imaginar se os estudantes não estavam certos quando, ao final da década de 1960, distribuíram folhetos afirmando que esses acadêmicos da Escola de Frankfurt eram “idiotas esquerdistas do estado autoritário” e que eram “críticos em teoria, mas conformistas em prática” [82]. Hans-Jürgen Krahl, um dos estudantes de doutorado de Theodor Adorno, chegou a publicamente danificar a reputação de seu mentor e dos outros professores da Escola ao chamá-los de “Scheißkritische Theoretiker” (teóricos críticos de merda) [83]. Ele expressou essa crítica de aperfeiçoamento desses leais defensores da Teoria TMS ao ser preso, a mando de Adorno, por uma ocupação universitária relacionada ao seu envolvimento na Liga Socialista dos Estudantes Alemães. O fato do autor de Negative Dialectics (Dialéticas Negativas) ter chamado a polícia para que seus próprios alunos fossem presos é uma referência padrão entre suas críticas políticas. No entanto, como vimos, essa é apenas a ponta do iceberg. Longe de ser uma anomalia bizarra, esse evento é consistente com sua política, sua função social no aparato intelectual, sua posição de classe e sua orientação geral na luta de classes global.

Os “Tuis” do “marxismo” ocidental

Brecht propôs o neologismo “Tuis” para se referir aos intelectuais (Intellektuellen) que, como sujeitos de uma cultura mercantilizada, entendem tudo errado (por isso o T ellekt-u ellen-in, Tellektuellen). Ele compartilhou suas ideias de criar um romance Tui com Benjamin na década de 1930 e mais tarde escreveu uma peça, que surgiu de suas anotações anteriores, chamada “Turandot or The Whitewashers’ Congress” (Turandot ou O congresso dos whitewashers) [84]. Ao retornar à República Democrática da Alemanha após a Segunda Guerra Mundial para contribuir com o projeto de construção do estado socialista, diferente dos acadêmicos de Frankfurt que se estabeleceram na Alemanha Ocidental com financiamento da classe dominante capitalista, Turandot foi em parte escrito como uma crítica satírica desses “marxistas” ocidentais.

Na peça, os Tuis são apresentados como whitewashers profissionais que recebem um salário generoso para fazerem coisas parecerem o oposto do que são. “O país todo é governado por injustiça”, diz Sen em Turandot antes de fornecer um resumo sucinto da Teoria TMS, “e na Academia Tui tudo que se aprende é porque as coisas têm que ser desse jeito” [85]. O treinamento Tui, assim como o trabalho do Instituto para Pesquisa Social, nos ensina que não há alternativa à ordem dominante e, portanto, exclui a possibilidade de mudança de sistema. Em uma das cenas mais marcantes, os Tuis aparecem se preparando para o congresso dos whitewashers. Nu Shan, um dos professores da Academia, opera um sistema de roldanas em que pode erguer ou descer uma cesta de pão na frente do rosto do orador. No treinamento de um jovem chamado Shi Me para se tornar um Tui, ele diz ao jovem para comentar sobre o tópico “Por que a posição de Kai Ho é falsa?” (Kai Ho é um revolucionário semelhante a Mao Zedong). Nu Shan explica que irá erguer a cesta de pão acima da cabeça de Shi Me quando ele disser algo errado e irá descê-la na frente de seu rosto quando disser algo correto. Após várias vezes erguendo e abaixando a cesta dependendo da habilidade de Shi Me em se conformar à ideologia dominante, seus argumentos se intensificam ao ponto de se tornarem calúnias anticomunistas estridentes desprovidas de argumentação racional, como, por exemplo: “Kai Ho não é um filósofo, é um falastrão — a cesta desce — um encrenqueiro, sedento por poder e inútil, um jogador compulsivo irresponsável, um denunciante, um estuprador, um descrente, um bandido e criminoso — a cesta paira bem na frente da boca do orador. Um tirano!” [86] Essa cena apresenta, na forma de um microcosmo, a relação entre intelectuais profissionais e seus financiadores nas sociedades de classes: o primeiro grupo ganha seu pão como agentes acadêmicos livres ao fornecer a melhor ideologia possível para o segundo grupo. É uma questão para se refletir.
O

que a Escola de Frankfurt tinha a oferecer àqueles que davam os pães da “sociedade de grilhões” não era, de maneira alguma, insignificante. Ao mobilizar sofismas pseudodialéticos, eles defenderam, em uma linguagem acadêmica presunçosa, a fala do Departamento de Estado de que o comunismo é indistinguível do fascismo, apesar de 27 milhões de soviéticos terem dado suas vidas para derrotar a máquina de guerra nazista na Segunda Guerra Mundial — para mencionar apenas uma das formas mais óbvias de oposição entre o comunismo e o fascismo, embora existam muitas outras, pois são inimigos mortais. Além disso, ao deslocar a luta de classes a favor de uma teoria crítica idealista separada de compromissos políticos práticos, eles afastaram os fundamentos de análise do materialismo histórico em direção a uma crítica teórica generalizada de dominação, poder e pensamento de identidade.

Adorno e Horkheimer, portanto, acabaram desempenhando o papel de recuperadores radicais. Ao cultivarem uma aparência de radicalidade, eles recuperavam a própria atividade da crítica dentro da ideologia pró-ocidental e anticomunista. Como outros membros da intelligentsia mesquinha e burguesa na Europa e nos EUA, que formavam a base do marxismo ocidental, eles expressaram publicamente seu desgosto social-chauvinista quanto ao que descreveram como os bárbaros selvagens do Oriente que ousaram pegar a arma da teoria marxista à la Lenin e usá-la para agir sob o princípio de que podiam governar a si mesmos. Do relativo conforto de sua cidadela professoral financiada por capitalistas no Ocidente, eles defenderam a superioridade do mundo euro-americano que os promoveu contra ao que chamavam de projeto de nivelamento dos bárbaros bolchevizados na periferia incivilizada.

Além disso, sua crítica geral à dominação faz parte de uma adoção mais ampla de uma ideologia antipartidária e antiestatista que acaba deixando a Esquerda desprovida das ferramentas de organização disciplinada necessárias para empreender combates triunfantes contra a máquina da classe dominante capitalista muito bem financiada em termos políticos, militares e culturais. Está perfeitamente alinhada com sua política geral de derrota, que Adorno explicitamente adota por meio de sua defesa antimarxista de inação como forma máxima de práxis. Os líderes da Academia Tui em Frankfurt, amplamente financiados e apoiados pela classe dominante capitalista e estados imperialistas (incluindo o estado de segurança nacional dos EUA), eram, portanto, representantes globais de uma política anticomunista de acomodação capitalista. Torcendo suas mãos em nervosismo diante das infelicidades da sociedade de consumo — que, às vezes, descreviam em extraordinários detalhes — eles, não obstante, se recusavam a tomar qualquer atitude prática sobre essas infelicidades devido à suposição alicerçada de que a cura socialista para esses infortúnios é muito pior do que a doença em si.

* Este artigo baseia-se e desenvolve uma análise detalhada cujas extensas referências também apoiam os argumentos aqui apresentados. Gabriel Rockhill, “Critical and Revolutionary Theory” (Teoria crítica e revolucionária) em Domination and Emancipation: Remaking Critique (Dominação e Emancipação: refazendo a crítica), Ed. Daniel Benson (Londres: Roman & Littlefield International, 2021). Sou profundamente grato aos amigos e colegas que ofereceram opiniões fundamentais em rascunhos anteriores deste artigo, incluindo aqueles que expressaram cautela quanto alguns dos argumentos (pelos quais assumo total responsabilidade): Larry Busk, Helmut-Harry Loewen, Jennifer Ponce de León, Salvador Rangel e Yves Winter.

(1)Gabriel Rockhill é um filósofo, crítico cultural e teorizador político. Ele leciona na Universidade Villanova e na Prisão Graterford, ele também dirige o Workshop sobre Teoria Crítica na Sorbonne. Seus livros mais recentes incluem Counter-History of the Present (Contra-história do presente) de 2017, Interventions in Contemporary Thought (Intervenções no pensamento contemporâneo) de 2016 e Radical History & the Politics of Art (História radical e a política da arte) de 2014.

Notas:
[1] Veja minha análise de Jürgen Habermas, Axel Honneth e Nancy Fraser em “Critical and Revolutionary Theory” (Teoria crítica e revolucionária).
[2] Veja, por exemplo, Thomas W. Braden, “I’m Glad the CIA Is ‘Immoral” (Estou feliz pela imoralidade da CIA), Saturday Evening Post (20 de maio de 1967). A julgar pelo fato de que W.W. Rostow compartilhou — por meio do Diretor da CIA, Richard Helms — o artigo de Braden com o presidente dos Estados Unidos antes de sua publicação, é provável que esse artigo seja o que a Agência chama de “hangout limitado”. Segundo o antigo assistente especial do Diretor Adjunto da CIA, Victor Marchetti, um hangout limitado é uma tática de relações-públicas usada por profissionais clandestinos. Segundo ele, “quando seu véu de sigilo é rasgado, e eles não podem mais sustentar uma história falsa para desinformar o público, usam o recurso de admitir — às vezes até voluntariamente — uma parte da verdade, ao mesmo tempo em que mantêm ocultos os fatos-chave e mais graves do caso. Assim, o público tende a ficar tão admirado com a nova informação que nunca pensa em se aprofundar no assunto” (“CIA to Admit Hunt Involvement in Kennedy Slaying,” The Spotlight, 14 de agosto de 1978: https://archive.org/details/marchetti-victor-cia-to-admit-hunt-involvement-in-kennedy-slaying-the-spotlight-aug.-14-1978/mode/2up).
[3] Veja Gabriel Rockhill, Radical History & the Politics of Art (História radical e a política da arte), (Nova York: Columbia University Press, 2014), 207-8 e Giles Scott-Smith, “The Congress for Cultural Freedom, the End of Ideology, and the Milan Conference of 1955: ‘Defining the Parameters of Discourse’” (O Congresso pela Liberdade Cultural, o fim da ideologia e a Conferência de Milão de 1955: definindo os parâmetros de discurso). Journal of Contemporary History, Vol. 37 No. 3 (2002): 437-455. O braço de Paris do Instituto para Pesquisa Social colaborou de perto com Raymond Aron, responsável por supervisionar quais trabalhos eram apropriados para um público francês (veja Theodor Adorno e Max Horkheimer, Correspondance: 1927-1969, Vol. I, eds. Christoph Gödde e Henri Lonitz, trad. Didier Renault (Paris: Klincksieck: 2016), 146. Menciono essa edição francesa aqui e em outros artigos porque a correspondência completa de Adorno e Horkheimer não está disponível em inglês, até onde eu saiba). Na era do pós-guerra, Aron se tornou uma figura decorativa filosófica do CCF e um incansável ideólogo anticomunista cuja visibilidade pública foi imensamente realçada pelo apoio da CIA.
[4] Por “agente”, quero dizer que Lasky trabalhou de perto com a CIA — e com outras agências governamentais estadunidenses — em seus extensos esforços de propaganda anticomunista e não que ele mesmo fosse um “diretor de casos” da CIA (o que não foi confirmado, até onde eu saiba). A colaboração de Lasky com a CIA e outras agências foi comprovada por vários documentos internos, assim como o papel de pesquisadores como Frances Stonor Saunders, Michael Hochgeschwender, Hugh Wilford e Peter Coleman, entre outros. Um pouco da correspondência de Lasky com Adorno está disponível em Theodor Adorno e Max Horkheimer, Correspondance: 1927-1969, Vol. I-IV, eds. Christoph Gödde e Henri Lonitz, trad. Didier Renault (Paris: Klincksieck: 2016).
[5] Veja Adorno e Horkheimer, Correspondance, Vol. III, 291.
[6] Veja Adorno e Max Horkheimer, Correspondance, Vol. III, 348.
[7] Veja Michael Hochgeschwender, Freiheit in der Offensive? Der Kongreß für kulturelle Freiheit und die Deutschen (Liberdade na ofensiva? O Congresso pela Liberdade Cultural e os alemães). München: R. Oldenbourg Verlag, 1998, 488.
[8] Hochgeschwender, Freiheit in der Offensive? (Liberdade na ofensiva?), 563.
[9] Veja, por exemplo, Minqi Li, “The 21st Century: Is There an Alternative (to Socialism)?” (O século XXI: há uma alternativa (para o socialismo)?), Science & Society 77:1 (janeiro de 2013): 10-43; Vicente Navarro, “Has Socialism Failed? An Analysis of Health Indicators under Capitalism and Socialism” (O socialismo falhou? Uma análise dos indicadores de saúde no capitalismo e no socialismo), Science & Society 57:1 (primavera de 1993): 6-30. Tricontinental forneceu inúmeras análises detalhadas do socialismo verdadeiramente existente e como se compara ao capitalismo existente: thetricontinental.org
[10] John Abromeit, Max Horkheimer and the Foundations of the Frankfurt School (Max Horkheimer e os fundamentos da Escola de Frankfurt), (Cambridge, UK: Cambridge University Press, 2011), 42.
[11] Thomas Wheatland, The Frankfurt School in Exile (A Escola de Frankfurt no exílio), (Minneapolis: University of Minnesota Press, 2009), 24; Ingar Solty, “Max Horkheimer, a Teacher without a Class” (Max Horkheimer, um professor sem classe), Jacobin (15 de fevereiro de 2020):  https://www.jacobinmag.com/2020/02/max-horkheimer-frankfurt-school-adorno-working-class-marxism; Wheatland, The Frankfurt School in Exile (A Escola de Frankfurt no exílio), 13.
[12] Perry Anderson, Considerations on Western Marxism (Considerações sobre o marxismo ocidental), (Londres: Verso, 1989), 33; Steven Müller-Doohm, Adorno: A Biography (Adorno: uma biografia), trad. Rodney Livingstone (Cambridge: Polity Press, 2005), 94.
[13] Anderson, Considerations on Western Marxism (Considerações sobre o marxismo ocidental), 33.
[14] Rolf Wiggershaus, The Frankfurt School: Its History, Theories, and Political Significance (A Escola de Frankfurt: sua história, teorias e significância política), trad. Michael Robertson (Cambridge, Massachusetts: The MIT Press, 1995), 104.
[15] Abromeit, Max Horkheimer, 150. Qualquer esperança escassa e circunspecta que Horkheimer depositou na União Soviética chegou ao fim no início da década de 1930, e “após 1950, Horkheimer começou a defender as tradições políticas liberais-democráticas do Ocidente de uma maneira que era […] unilateral” (Abromeit, Max Horkheimer, 15, veja também 181).
[16] “A teoria crítica”, argumentou Horkheimer, “não é ‘profundamente enraizada’ como a propaganda totalitária nem ‘dissociada’ como a intelligentsia liberal”, Max Horkheimer, Critical Theory: Selected Essays (Teoria crítica: ensaios selecionados), trad. Matthew J. O’Connell e outros (Nova York: Continuum, 2002), 223-4.
[17] Marie-Josée Levallée, “October and the Prospects for Revolution: The Views of Arendt, Adorno, and Marcuse” (Outubro e as possibilidades para a Revolução: visões de Arendt, Adorno e Marcuse), The Russian Revolution as Ideal and Practice: Failures, Legacies, and the Future of Revolution (A Revolução Russa como ideal e prática: falhas, legados e o futuro da revolução), eds. Thomas Telios et al. (Cham, Suíça: Palgrave Macmillan, 2020), 173.
[18] Gillian Rose, The Melancholy Science: An Introduction to the Thought of Theodor W. Adorno (A ciência melancólica: uma introdução ao pensamento de Theodor W. Adorno), (Nova York: Columbia University Press, 1978), 2.
[19] Wiggershaus, The Frankfurt School (A Escola de Frankfurt), 133. Veja também Solty, “Max Horkheimer, a Teacher without a Class” (Max Horkheimer, um professor sem classe) e Rose, The Melancholy Science (A ciência melancólica), 2.
[20] Müller-Doohm, Adorno, 181.
[21] Müller-Doohm, Adorno, 181. “Mesmo em suas cartas pessoas”, escreveu Müller-Doohm, “até os meados da década de 1930, não encontramos muito além de imagens generalizadas de humor pessimista e nenhuma declaração clara sobre a situação política”, 181.
[22] Anderson, Considerations on Western Marxism (Considerações sobre o marxismo ocidental), 33. Thomas Wheatland explica que o Círculo de Horkheimer em Nova York optou por “manter silêncio sobre as grandes questões políticas da época e [… ocultar] seu marxismo quase por completo. […] Horkheimer continuou relutante em arriscar as possíveis repercussões do ativismo político ou até o compromisso político com os principais tópicos da época” (The Frankfurt School in Exile), (Minneapolis: University of Minnesota Press, 2009), 99.
[23] Veja Stuart Jeffries, Grand Hotel Abyss: The Lives of the Frankfurt School (Grand Hotel Abyss: as vidas da Escola de Frankfurt), (Londres: Verso, 2017), 72 e 197.
[24] Veja Wheatland, The Frankfurt School in Exile (A Escola de Frankfurt no exílio), 72, veja também 141.
[25] Jeffries, Grand Hotel Abyss, 136. Brecht manteve que “a Escola de Frankfurt executou um truque de ilusão burguês ao se apresentar como um instituto marxista enquanto insistia que a revolução não poderia mais depender das rebeliões da classe operária e se negou a tomar parte na destituição do capitalismo” (Jeffries, Grand Hotel Abyss, 77).
[26] Citado em Ulrich Fries, “Ende der Legende: Hintergründe zu Walter Benjamins Tod” (Fim da lenda: antecedentes da morte de Walter Benjamin), The Germanic Review: Literature, Culture, Theory 96:4 (2021), 421, 422. Gostaria de expressar minha sincera gratidão a Helmut-Harry Loewen que chamou minha atenção para esse importante artigo e compartilhou comigo sua tradução parcial.
[27] Citado no artigo de Fries, “Ende der Legende” (Fim da lenda), 422, 422.
[28] Veja a carta de Adorno para Horkheimer em 26 de janeiro de 1936, publicada em Adorno e Horkheimer, Correspondance, Vol. I, 110.
[29] Veja a troca epistolar entre os dois em Ronald Taylor, ed., Aesthetics and Politics (Estética e Política), (Londres: Verso, 1977), 100-141.
[30] Citado em Fries, “Ende der Legende” (Fim da lenda), 409.
[31] Fries, “Ende der Legende” (Fim da lenda), 409, 424.
[32] Fries, “Ende der Legende” (Fim da lenda), 414.
[33] Citado em Fries, “Ende der Legende” (Fim da lenda), 410.
[34] Citado em Jack Jacobs, The Frankfurt School, Jewish Lives, and Antisemitism (A Escola de Frankfurt, vidas judaicas e antissemitismo), (Cambridge UK, Cambridge University Press, 2014), 59-60.
[35] Todd Cronan, Red Aesthetics: Rodchenko, Brecht, Eisenstein (Estética vermelha: Rodchenko, Brecht, Eisenstein), (Lanham, Maryland: Rowman & Littlefield Publishers, 2021), 132.
[36] Citado em Cronan, Red Aesthetics (Estética vermelha), 151.
[37] Sob a liderança de JLC, veja Catherine Collomp, “Anti-Semitism among American Labor’: A Study by the Refugee Scholars of the Frankfurt School of Sociology at the End of World War II” (Antissemitismo entre operários americanos: um estudo dos acadêmicos refugiados da Escola de Sociologia de Frankfurt ao final da Segunda Guerra Mundial), Labor History 52:4 (Novembro de 2011): 417-439. Sobre o trabalho de Dubinsky com a CIA, veja os documentos disponíveis na Sala de Leitura Eletrônica FOIA da CIA (www.cia.gov), assim como Hugh Wilford, The Mighty Wurlitzer: How the CIA Played America (O poderoso Wurlitzer: como a CIA enganou a América), (Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press, 2008) e Frances Stonor Saunders, The Cultural Cold War: The CIA and the World of Arts and Letters (A Guerra Fria cultural: a CIA e o mundo das artes e cartas), (Nova York: The New Press, 1999).
[38] Veja David Jenemann, Adorno in America (Adorno na América), (Minneapolis: University of Minnesota Press, 2007), 181-2.
[39] Veja o arquivo de Adorno no FBI: vault.fbi.gov
[40] Veja o arquivo de Adorno no FBI: vault.fbi.gov
[41] Anderson, Considerations on Western Marxism (Considerações sobre o marxismo ocidental), 34.
[42] Jeffries, Grand Hotel Abyss, 297. Devemos lembrar que o próprio Habermas foi um membro da Juventude Hitlerista e mais tarde apoiaria a Guerra do Golfo e a intervenção da OTAN na Iugoslávia.
[43] Veja a lamentação insistente de Horkheimer contra Habermas e o marxismo em sua carta a Adorno de 27 de setembro 1958 em Adorno e Horkheimer, Correspondance, Vol. IV, 386-399.
[44] Citado em Wiggershaus, The Frankfurt School (A Escola de Frankfurt), 554.
[45] Jenemann, Adorno in America (Adorno na América), 182.
[46] Christopher Simpson, Science of Coercion: Communication Research and Psychological Warfare 1945-1960 (Ciência da coerção: pesquisa em comunicação e guerra psicológica 1945-1960), (Oxford: Oxford University Press, 1996), 4.
[47] Wiggershaus, The Frankfurt School (A Escola de Frankfurt), 397.
[48] John Loftus, America’s Nazi Secret (O segredo nazista da América), (Walterville, OR: Trine Day, LLC, 2011), 228.
[49] Veja Wiggershaus, The Frankfurt School, 434.
[50] Wiggershaus, The Frankfurt School (A Escola de Frankfurt), 479.
[51] Veja Robert S. Wistrich, Who’s Who in Nazi Germany (Quem é quem na Alemanha nazista), (Nova York: Routledge, 2001), 281.
[52] Citado em Jenemann, Adorno in America (Adorno na América), 184. Em sua declaração juramentada, Adorno disse basicamente o mesmo ao dizer que “o Instituto para Pesquisa Social da Universidade de Frankfort [sic] foi fundado com o apoio do HICOG e amplamente apoiado por meios estadunidenses. É o objetivo dessa Instituição desenvolver uma integração dos métodos de pesquisa estadunidenses e alemães e auxiliar na educação dos estudantes alemães no espírito da democracia estadunidense” (Jenemann, Adorno in America, 184).
[53] Segundo Wiggershaus, “Horkheimer não defendeu, como Paul Tillich, o socialismo ou, como Hugo Sinzheimer ou Hermann Heller, pertenceu aos democratas dedicados e declarados oponentes do nazismo” (The Frankfurt School, 112). Sobre Adenauer, veja Rockhill, “Critical and Revolutionary Theory” (Teoria crítica e revolucionária), assim como Philip Agee e Louis Wolf, Dirty Work: The CIA in Western Europe (Trabalho sujo: a CIA na Europa Ocidental), (Nova York: Dorset Press, 1978).
[54] Citado em Wolfgang Kraushaar, ed., Frankfurter Schule und Studentenbewegung: Von der Flaschenpost zum Molotowcocktail 1946-1995 (Escola de Frankfurt e o movimento estudantil: da mensagem na garrafa ao coquetel molotov 1946-1995), Vol. I: Chronik (Hamburgo: Rogner & Bernhard GmbH & Co. Verlags KG, 1998), 252-3.
[55] Veja William Blum, Killing Hope: U.S. Military and CIA Interventions since World War II (Acabando com a esperança: intervenções militares dos EUA e da CIA desde a Segunda Guerra Mundial), (Londres: Zed Books, 2014).
[56] Citado em Jeffries, Grand Hotel Abyss, 297.
[57] V.I. Lenin, Collected Works (Obras completas), Vol. 22 (Moscou: Progress Publishers, 1966), 309.
[58] A racialização dos comunistas tem sido uma parte importante da ideologia anticomunista, como Domenico Losurdo explicou em War and Revolution (Guerra e Revolução), trad. Gregory Elliott (Londres: Verso, 2015).
[59] Theodor Adorno e Max Horkheimer, “Towards a New Manifesto?” (Rumo a um novo manifesto?), New Left Review 65 (setembro a outubro de 2019), 49.
[60] Adorno e Horkheimer, “Towards a New Manifesto?” (Rumo a um novo manifesto?), 59.
[61] Adorno e Horkheimer, “Towards a New Manifesto?” (Rumo a um novo manifesto?), 59.
[62] Adorno e Horkheimer, “Towards a New Manifesto?” (Rumo a um novo manifesto?), 57.
[63] Adorno e Horkheimer, “Towards a New Manifesto?” (Rumo a um novo manifesto?), 57, 59.
[64] Adorno e Horkheimer, “Towards a New Manifesto?” (Rumo a um novo manifesto?), 41. Horkheimer expressou pontos de vista pró-capitalistas e anticomunistas semelhantes em várias ocasiões. Por exemplo, em uma longa carta a Adorno datada de 27 de setembro de 1958, ele alegou que a “revolução significa, na verdade, a passagem para o terror” e afirmou que o que deve ser defendido é “o restante da civilização burguesa onde a ideia de liberdade individual e sociedade autêntica ainda tem seu lugar” (Adorno e Horkheimer, Correspondance: 1927-1969, Vol. IV, 395). Em 1968, para citar outro exemplo, ele descreveu explicitamente sua posição como um contrarrevolucionário ao dizer que “uma declaração aberta de que mesmo uma democracia duvidosa, por todos os seus defeitos, é sempre melhor do que uma ditadura que inevitavelmente resultaria em uma revolução hoje, parece, para mim, necessária para o bem da verdade” (Horkheimer, Critical Theory, viii). Após recordar a condenação de Horkheimer da “barbárie selvagem do Oriente”, Stefan Müller-Doohm escreve em sua biografia de 700 páginas sobre Adorno, que “Adorno e Horkheimer estavam de acordo em sua avaliação do chamado Bloco do Leste, ou seja, a União Soviética, mas também a China comunista” (415). Em relação ao colonialismo, Horkheimer escreveu a Adorno que apesar “do sonho europeu de superioridade permanente na era colonial” ser “abominável”, tinha, no entanto, “suas vantagens” (Adorno e Horkheimer, Correspondance, Vol. IV, 466).
[65] Max Horkheimer, “The Authoritarian State” (O Estado autoritário), Telos 15 (primavera de 1973): 16.
[66] Veja Domenico Losurdo, El Marxismo occidental: Cómo nació, cómo murió y cómo puede resucitar (O marxismo ocidental: como nasceu, como morreu e como pode ressuscitar), trad. Alejandro García Mayo (Madrid: Editorial Trotta, 2019). Esse livro, originalmente escrito em italiano, está sendo traduzido para o inglês por Steven Colatrella para a 1804 Books.
[67] Max Horkheimer, Gesammelte Schriften (Escritos Colecionados), eds. Alfred Schmidt e Gunzelin Schmid Noerr, Vol. 18 (Frankfurt am Main: S. Fischer, 1985), 73. Veja também Müller-Doohm, Adorno, 334. Adorno chegou até a endossar a posição do militante anticomunista e colaborador da CIA Arthur Koestler, ao escrever que “o comunismo se tornou um ‘partido de direita’ (ao que Koestler destacou) e […] identificou-se completamente com o imperialismo russo” (Adorno e Horkheimer, Correspondance, Vol. IV, 655).
[68] Veja esse documento da Sala de Leitura Eletrônica FOIA da CIA: www.cia.gov Gostaria de expressar minha gratidão a Colin Bodayle por chamar minha atenção para esse documento.
[69] Theodor Adorno, Critical Models: Interventions and Catchwords (Modelos Críticos: intervenções e palavras de ordem), trad. Henry W. Pickford (Nova York: Columbia University Press, 2005), 94.
[70] Adorno, Critical Models (Modelos Críticos), 94.
[71] Adorno, Critical Models (Modelos Críticos), 94.
[72] Müller-Doohm, Adorno, 438.
[73] Müller-Doohm, Adorno, 438.
[74] Müller-Doohm, Adorno, 438.
[75] V.I. Lenin, Collected Works (Obras completas), Vol. 16 (Moscou: Progress Publishers, 1977), 332.
[76] Lenin, Collected Works (Obras completas), Vol. 16, 332.
[77] Como argumentei em “Teoria crítica e revolucionária”, essa análise da parte dos estudantes era completamente justificada.
[78] Adorno, Critical Models (Modelos críticos), 267. O falso elogio dialético de Adorno à inação como melhor forma de ação é reiterado em sua correspondência com Marcuse sobre os protestos estudantis quando ele diz que “resistimos ao nosso tempo, você, não menos do que eu, a uma situação muito mais terrível — o assassinato dos judeus — sem proceder à práxis; simplesmente porque esta estava bloqueada para nós. […] Para ser mais direto; acredito que você está se iludindo em não poder seguir adiante sem participar das façanhas estudantis pelo que está acontecendo no Vietnã ou em Biafra. Se essa é, de fato, sua reação, então você não deve protestar apenas contra os horrores das bombas de napalm, mas também contra as indescritíveis torturas ao estilo chinês que os vietcongues realizam permanentemente” (Adorno e Marcuse, “Correspondence on the German Student Movement” (Correspondência sobre o movimento estudantil alemão), New Left Review 233 (janeiro a fevereiro de 1999), 127). Ele faz declarações semelhantes em outros lugares, como em seu texto de 1969, “Resignation” (Renúncia), onde ele celebra o “momento utópico de pensamento” acima e contra qualquer forma de ação, dizendo que “o pensador crítico intransigente que não renuncia sua consciência nem se deixa ser aterrorizado a agir é, em verdade, aquele que não cede. […] Pensar é, na verdade, a força de resistência” (Adorno, Critical Models, 293).
[79] Adorno, Critical Models (Modelos Críticos), 268.
[80] Adorno, Critical Models (Modelos Críticos), 268.
[81] Koestler foi uma grande figura nas redes do Congresso pela Liberdade Cultural da CIA e no Departamento de Pesquisa de Informação do MI6.
[82] Citado no artigo de Esther Leslie, “Introduction to Adorno/Marcuse Correspondence on the German Student Movement” (Introdução à correspondência de Adorno/Marcuse sobre o movimento estudantil alemão), New Left Review 233 (janeiro a fevereiro de 1999), 119 e Kraushaar, Frankfurter Schule und Studentenbewegung (Escola de Frankfurt e o movimento estudantil), Vol. 1, 374.
[83] Kraushaar, Frankfurter Schule und Studentbewegung, Vol. 1, 398. Krahl foi o único ativista que não liberado da prisão na mesma noite e Adorno decidiu apresentar queixa contra ele, como havia feito em 1964 contra o grupo estudantil Subversive Aktion (Ação subversiva), apesar da pressão para retirar as acusações.
[84] N.T.: “Whitewasher” é um termo usado para descrever alguém que deliberadamente tentar esconder fatos desagradáveis ou incriminadores sobre uma pessoa, ou instituição.
[85] Bertolt Brecht, Collected Plays: Six (Peças Completas: seis), eds. John Willett e Ralph Manheim (Londres: Random House, 1998), 189.
[86] Brecht, Collected Plays: Six (Peças Completas: seis), 145.

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2 comentários em “O anticomunismo da CIA e a Escola de Frankfurt”

  1. Acho o trabalho do Lavra maravilhoso, mas presta um desserviço traduzindo um texto desse. Enquanto esquerda temos que para de separar as tradições marxistas com ataques rasos e incompreensões fruto de leituras apressadas e desatentas. Os frankfurtianos nos herdaram fecundas ferramentas teóricas para compreender o funcionamento do capitalismo moderno, as quais jamais poderíamos esperar da tradição marxista dita “ortodoxa”. Ho Chin Min, Stálin, Mao… estas grandes figuras da história teriam nos legado ideias e conceitos como indústria cultural, semiformação, regressão dos sentidos e da percepção etc. ?!? A resposta óbvia: NÃO! Eles estavam inseridos em outras culturas, outras tradições, outras preocupações… Claro, temos de reconhecer as limitações analíticas e teóricas dos frankfurtianos, criticá-los inclusive. Mas isso não pode ser feita de maneira maniqueísta. Enfim, esse texto de vocês não acrescenta em nada para as lutas da esquerda.

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  2. Texto absurdamente Bom. Toda a psicologizaçao e substituição -para falar como Freud, mudança de tema, é prova de uma teoria que luta para Não entender o real

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