Da ditadura omnímoda sobre a burguesia

Por Zhang Chunqiao, via Marxists.org, traduzido por Daniel Alves Teixeira

Por que Lenin falou da necessidade de exercer a ditadura sobre a burguesia? Este problema deve estar claro. A falta de clareza sobre isso levará ao revisionismo. É necessário fazer com que toda a nação o saiba.

Nosso país agora pratica um sistema de mercadorias, um sistema de salários que também é desigual, como o de oito categorias, e coisas do tipo. Isso, sob a ditadura do proletariado, só pode ser restringido. Em virtude do acima exposto, será muito fácil para pessoas como Lin Piao estabelecer o sistema capitalista se elas escalarem o poder. Portanto, devemos estudar mais as obras marxista-leninistas.

Lenin disse: “A pequena produção alimenta o capitalismo e a burguesia constantemente, todos os dias, todas as horas, espontaneamente e em massa.” Isso também acontece com uma parte da classe trabalhadora e uma parte dos membros do Partido. Tanto entre os proletários como entre os funcionários de órgãos oficiais, existem aqueles que incorrem no estilo de vida burguês.

– Citações do Presidente Mao Tsetung

A questão da ditadura do proletariado tem sido há muito tempo o foco da luta entre o marxismo e o revisionismo. Lênin indicou: “Só é um marxista quem estende o reconhecimento da luta de classes ao reconhecimento da ditadura do proletariado”. O Presidente Mao exortou toda a nação a adquirir uma compreensão clara da questão da ditadura do proletariado precisamente para que pratiquemos o marxismo, e não o revisionismo, tanto na teoria como na prática.

Nosso país está em um importante período de desenvolvimento histórico. Após vinte e alguns anos de revolução e construção socialista e, em particular, após o esmagamento dos quartéis generais burgueses de Liu Shao-chi e Lin Piao na Grande Revolução Cultural Proletária, a nossa ditadura do proletariado consolidou-se mais do que nunca e a causa do socialismo está em uma prosperidade ascendente. Na atualidade, o povo de todo o país, imbuído de uma grande vontade de lutar, está determinado a fazer do nosso Estado um poderoso Estado socialista neste século. Neste processo e ao longo de toda a fase histórica do socialismo, se podemos ou não persistir consistentemente na ditadura do proletariado é uma questão de suma importância que diz respeito ao desenvolvimento futuro do nosso país. A luta de classes atual também exige que adquiramos uma compreensão clara da questão da ditadura do proletariado. O presidente Mao observou: “A falta de clareza sobre isso levará ao revisionismo”. Não é suficiente que algumas pessoas estejam esclarecidas sobre esse problema; “É necessário fazer com que toda a nação o saiba”. Nenhuma apreciação será excessiva em relação ao significado atual e de longo alcance de levar à bom término este estudo.

Já em 1920, à luz da experiência prática adquirida na direção da Grande Revolução Socialista de Outubro e do primeiro estado ditatorial do proletariado, Lenin assinalou claramente: “A ditadura do proletariado é a guerra mais abnegada e implacável da nova classe contra um inimigo mais poderoso, contra a burguesia, cuja resistência aumenta dez vezes com sua derrubada (mesmo que seja em um único país) e cujo poder consiste, não apenas na força do capital internacional, na força e solidez das relações internacionais da burguesia, mas também na força dos costumes, na força da pequena produção. Bem, infelizmente, ainda há muitas e muitas pequenas produções no mundo e a pequena produção alimenta o capitalismo e a burguesia constantemente, todos os dias, todas as horas, espontaneamente e em massa. Por todas essas razões, a ditadura do proletariado é necessária “. Lenin indicou que tal ditadura é uma luta persistente, sangrenta e incruenta, violenta e pacífica, militar e económica, educacional e administrativa, contra as forças e tradições da velha sociedade, uma ditadura omnímoda sobre a burguesia.

Lenin frisou repetidamente que será impossível derrotar a burguesia se uma ditadura prolongada e abrangente não for exercida sobre ela. Estas declarações de Lenin, particularmente as palavras que ele mesmo sublinhou, já foram corroboradas pela prática nos anos subsequentes. Na verdade, os novos burgueses surgiram um grupo após o outro, e seu representante é a camarilha de renegados de Khrushchev-Brezhnev. Esses indivíduos são, em geral, de boa origem de classe, quase todos cresceram sob a bandeira vermelha, ingressaram organizacionalmente no Partido Comunista, estudaram em centros de ensino superior e chegaram a ser os chamados especialistas vermelhos. No entanto, são novas ervas venenosas brotando do antigo solo do capitalismo. Eles negaram a classe de onde vieram, usurparam o poder do Partido e do Estado, restauraram o capitalismo, tornaram-se líderes da ditadura da burguesia sobre o proletariado e fizeram o que Hitler queria mas não conseguiu fazer. Nunca devemos esquecer esta experiência histórica de “lançar satélites ao espaço e derrubar a bandeira vermelha”, especialmente nos momentos em que estamos determinados a construir um estado poderoso.

Devemos ter uma clara consciência de que ainda existe o perigo da China se tornar revisionista. Isso se explica não só porque o imperialismo e o social-imperialismo não se esquecem nem por um instante de atacá-la e subvertê-la, e porque velhos elementos da classe latifundiária e da burguesia ainda sobrevivem, não resignados com sua derrota, mas também porque se engendram novos elementos burgueses, como disse Lenin, todos os dias, todas as horas. Alguns camaradas afirmam que Lênin se referiu aqui à situação anterior da cooperativização. Obviamente esta afirmação está incorreta. As palavras de Lenin não saíram de moda. Esses camaradas podem ler a obra do Presidente Mao Sobre o Tratamento Correto das Contradições no Povo, publicada em 1957. Nesta obra, o Presidente Mao faz uma análise concreta da situação em nosso país na qual, após ter conquistado fundamentalmente a vitória na transformação socialista do sistema de propriedade, incluindo a cooperativização, ainda existem classes, contradições de classe e luta de classes e ainda existem simultaneamente consonâncias e contradições entre as relações de produção e as forças produtivas e entre a superestrutura e a base econômico. Tendo resumido a nova experiência da ditadura do proletariado acumulada depois de Lenin, o Presidente Mao respondeu de forma sistemática aos vários problemas que surgiram após a mudança do sistema de propriedade, delineou as tarefas e políticas da ditadura do proletariado e lançou as bases teóricas para a linha fundamental do Partido e a continuação da revolução sob a ditadura do proletariado. A prática nos últimos 18 anos, especialmente na Grande Revolução Cultural Proletária, provou que a teoria, a linha e as políticas formuladas pelo Presidente Mao são totalmente corretas.

O presidente Mao observou recentemente: “Em uma palavra, a China é um país socialista. Antes da Libertação não era muito diferente do capitalismo. Agora ainda pratica todavia um sistema de salários de oito categorias, distribuído para cada um de acordo com seu trabalho e a troca por meio de dinheiro, que dificilmente são diferentes da velha sociedade. A diferença é que o sistema de propriedade mudou.” Para aprofundar nossa compreensão dessa instrução do presidente Mao, vamos examinar as mudanças no sistema de propriedade de nosso país e as proporções dos vários setores econômicos da indústria, agricultura e comércio da China em 1973.

Primeiro na indústria. A indústria de propriedade de todo o povo ocupava 97% do total dos ativos fixos industriais, 63% do pessoal da indústria e 86% do valor da produção industrial; a indústria de propriedade coletiva, 3%, 36,2% e 14% respectivamente. Havia também um artesanato individual com 0,8% do pessoal ocupado na indústria.

Depois a agricultura. Relativamente aos meios de produção agrícolas, aproximadamente 90% das terras cultivadas e das máquinas de irrigação e drenagem, mais ou menos 80% dos tratores e grandes rebanhos eram propriedade coletiva. A proporção da propriedade de todo o povo era muito pequena. Consequentemente, mais de 90% dos cereais e várias culturas industriais do país procediam da economia coletiva. As fazendas estatais representavam uma proporção muito pequena. Além disso, se mantinham para os comuneros uma pequena quantidade de terra de uso pessoal e limitadas ocupações secundárias domésticas.

Por último, o comércio. No volume de vendas no varejo de mercadorias, o comércio estatal ocupou 92,5%; o da propriedade coletiva, 7,3%, e o dos comerciantes individuais, 0,2%. Além disso, um volume considerável de comércio de feira ainda foi preservado nas áreas rurais.

Os números citados acima demostram que a propriedade socialista de todo o povo e o coletivo socialista das massas trabalhadoras obtiveram de fato grandes vitórias em nosso país. Não só houve um grande aumento da preponderância da propriedade de todo o povo, mas também houve algumas mudanças na economia das comunas populares em termos das proporções da propriedade nos três níveis: comuna, brigada de produção e equipe de produção. Como exemplo, nos subúrbios de Xangai, a receita no nível da comuna, em comparação com a receita total, aumentou de 28,1% em 1973 para 30,5% em 1974; as receitas no nível de brigada de produção, de 15,2 para 17,2%, e as receitas no nível de equipamentos de produção, diminuíram de 56,7% para 52,3%. A comuna popular tem demonstrado cada vez mais claramente sua superioridade de ser grande em tamanho e ter um alto grau de propriedade pública. Nos últimos 25 anos, eliminamos passo a passo a propriedade imperialista, a propriedade capitalista burocrática e a propriedade feudal, transformamos gradualmente a propriedade capitalista nacional e a propriedade do trabalhador individual e substituímos progressivamente esses cinco tipos de propriedade privada por dois tipos de propriedade pública socialista; por isso, podemos dizer com orgulho que em nosso país o sistema de propriedade já mudou, o proletariado e o resto da classe trabalhadora sacudiram fundamentalmente o jugo da propriedade privada e nossa base econômica socialista foi gradualmente consolidada e desenvolvida. . A Constituição aprovada no IV Congresso Nacional do Povo registra explicitamente essas grandes vitórias que conquistamos.

Sem embargo, devemos ter em mente que o problema do sistema de propriedade ainda não foi totalmente resolvido. Costumamos dizer que “resolvemos no fundamental” o problema do sistema de propriedade; isso significa que tal problema ainda não foi completamente resolvido, o direito burguês não foi completamente eliminado do sistema de propriedade. A partir dos números acima podemos deduzir que a propriedade privada ainda existe em parte na indústria, agricultura e comércio, que nem toda propriedade pública socialista é propriedade de todo o povo, mas que consiste em dois tipos de propriedade, e que ainda é muito débil a propriedade de todo o povo na agricultura, base da economia nacional. Ao conceber que na sociedade socialista o direito burguês deixaria de existir no sistema de propriedade, Marx e Lenin queriam dizer que todos os meios de produção teriam se tornado patrimônio da sociedade como um todo. Obviamente, ainda não chegamos a esse estágio. Nem na teoria nem na prática devemos ignorar as tarefas extremamente difíceis que a ditadura do proletariado ainda enfrenta a este respeito.

Devemos também notar que há o problema de direção tanto na propriedade de todo o povo quanto na propriedade coletiva, ou seja, o problema de a qual classe a propriedade realmente pertence e não de nome.

Em 28 de abril de 1969, na Primeira Sessão Plenária do IX Comitê Central do Partido, o presidente Mao disse: “Parece imprescindível realizar a Grande Revolução Cultural Proletária, pois nossa base não é sólida. A julgar por minha observação, temo que em uma grande maioria das fábricas – não digo todas ou a esmagadora maioria delas – a direção não estava nas mãos dos marxistas genuínos e das massas trabalhadoras. Não é que não houvesse gente boa entre os responsáveis ​​pela gestão das fábricas. Havia. Havia gente boa entre os secretários, subsecretários e membros dos comitês do Partido e entre os secretários das células do Partido. Mas eles seguiam a linha de Liu Shao-chi, simplesmente recorreram ao incentivo material, colocaram os lucros no comando. e, em vez de promover a política proletária, davam prêmios e coisas assim.” “Mas havia de fato gente ruim nas fábricas.” “Isso mostra que a revolução não acabou.” Estas palavras do presidente Mao, além de expor a necessidade da Grande Revolução Cultural Proletária, nos fazem entender mais claramente que, quanto ao problema do sistema de propriedade, como qualquer outro problema, não devemos julgá-lo apenas pela sua forma, mas pela seu conteúdo real. É inteiramente correto atribuir importância ao papel decisivo que o sistema de propriedade desempenha nas relações de produção. Mas é errado não dar importância a se o problema do sistema de propriedade está resolvido na forma ou de fato e não dar importância à realidade de que os outros dois aspectos das relações de produção – as relações entre os homens e a forma de distribuição – também atuam no sistema de propriedade, que a superestrutura também exerce ação na base econômica e que esses dois aspectos e a superestrutura desempenham um papel decisivo em determinadas condições.

A política é a expressão concentrada da economia. Se a linha ideológica e política está correta ou não e nas mãos de qual classe está a liderança decide qual classe realmente possui de fato essas fábricas.

Nossos camaradas poderão lembrar como uma empresa de capital burocrático ou de capital nacional se tornou socialista. Por acaso não foi com o envio de um representante do comando militar ou de um representante do setor estatal para transformá-la de acordo com a linha e a política do Partido? No caso de qualquer grande mudança no sistema de propriedade na história, seja a substituição do escravista pelo feudal, ou a substituição do feudalismo pelo capitalismo, sempre se tomou primeiro o Poder político e logo se valeu da força de este último para mudar em grande escala o sistema de propriedade existente, consolidar e desenvolver o novo. Com maior razão ocorre o mesmo com a propriedade pública socialista, que não pode ser produzida sob a ditadura da burguesia. O capital burocrático, que ocupava 80% da indústria na velha China, somente pôde ser transformado em propriedade de todo o povo depois que o Exército de Libertação do Povo derrotou Chiang Kai-shek. Da mesma forma, a restauração capitalista é necessariamente realizada tomando-se primeiro a direção para mudar a linha e a política do Partido. Não foi assim que Khrushchev e Brezhnev mudaram o sistema de propriedade na União Soviética? Não foi dessa maneira que Liu Chao-chi e Lin Piao mudaram a natureza de várias de certo número de nossas fábricas e outras empresas?

Deve-se ter em mente que agora praticamos o sistema de mercadorias. O presidente Mao disse: “Nosso país pratica agora um sistema mercantil, um sistema de salários que também é desigual, como o de oito categorias e assim por diante. Isso somente pode ser restringido, sob a ditadura do proletariado. Em virtude do anterior, será muito fácil para pessoas como Lin Piao estabelecer o sistema capitalista se elas escalarem o poder. ” Este estado de coisas, indicado pelo presidente Mao, não mudará tão cedo. Tomemos por exemplo as comunas populares suburbanas de Xangai com uma economia desenvolvida comparativamente mais rápida nos níveis de comuna e brigada de produção. Em relação ao ativo fixo nos três níveis de propriedade, a comuna ocupa 34,2%; a brigada de produção, apenas 15,1%, e a equipe de produção, ainda 50,7%. Portanto, a julgar pelas próprias condições econômicas da comuna popular, é preciso um tempo muito longo para efetuar a transação da equipe de produção para a brigada de produção e depois para a comuna como unidade básica de contabilidade. A comuna seguirá sendo propriedade coletiva, mesmo quando se tornar uma unidade de contabilidade básica. Portanto, em pouco tempo, a coexistência dos dois tipos de propriedade não sofrerá mudanças radicais: a do povo inteiro e a coletiva. Enquanto existirem esses dois tipos de propriedade, serão inevitáveis a produção de mercadorias, a troca por meio de dinheiro e a distribuição a cada um de acordo com seu trabalho. Visto que “isso somente pode ser restringido sob a ditadura do proletariado”, serão igualmente inevitáveis o desenvolvimento dos fatores capitalistas nas áreas urbanas e rurais e o surgimento de novos elementos burgueses. Sem tal restrição, o capitalismo e a burguesia crescerão com maior rapidez. Em consequência disso, não devemos de forma alguma relaxar nossa vigilância porque alcançamos a grande vitória na transformação do sistema de propriedade e realizamos uma Grande Revolução Cultural Proletária.

É preciso ver todavia que nossa base econômica ainda não é sólida e que o direito burguês ainda não foi completamente eliminado do sistema de propriedade, que ainda existe um gradação grave nas relações entre os homens e continua prevalecendo na distribuição. Nas esferas da superestrutura, alguns setores ainda são na realidade manipulados pela burguesia e esta tem uma posição predominante neles; em alguns outros setores se estão realizando as reformas, cujas conquistas todavia ainda não estão consolidadas, e as velhas ideias e a força do velho costume continuam obstinadamente a impedir o crescimento de novas coisas socialistas. Com o desenvolvimento dos fatores capitalistas na cidade e no campo, novos elementos burgueses são engendrados grupo após grupo e a luta de classes entre o proletariado e a burguesia, entre as diferentes forças políticas e entre o proletariado e a burguesia no terreno ideológico, ainda será longa, tortuosa e às vezes até muito inflamada. Mesmo quando tiverem morrido todos os latifundiários e a burguesia da velha geração, não cessará esta luta de classes e a restauração da burguesia continuará a ser possível se pessoas como Lin Piao escalarem o poder.

Em seu discurso “A situação e nossa política após a vitória na Guerra de Resistência contra o Japão”, o presidente Mao disse que em 1936 existia perto de Paoan, então sede do Comitê Central do Partido, uma vila fortificada onde um um punhado de contra-revolucionários armados que teimosamente se recusaram a se render. O problema foi resolvido apenas quando o Exército Vermelho a atacou e a adentrou. Essa história tem um sentido universal e nos ensina: “Com tudo o que é reacionário acontece igual: se não golpeia, não cai. É como varrer o chão: via de regra, onde a vassoura não chega, o pó não desaparece por si só.” Na atualidade, ainda existem muitas aldeias fortificadas da burguesia. Quando uma for destruída, outra surgirá. Mesmo quando sobrar apenas uma depois que todas as outras forem eliminados no futuro, ela não desaparecerá por si mesma se a vassoura de ferro da ditadura do proletariado não chegar. Lênin disse com razão: “Por todas essas razões, a ditadura do proletariado é necessária “.

A experiência histórica nos diz que a chave para o problema de saber se o proletariado pode ou não derrotar a burguesia e se a China se tornará ou não revisionista está em se podemos ou não persistir invariavelmente na ditadura omnímoda sobre a burguesia em todos os campos e durante todas as fases do desenvolvimento da revolução. O que é a ditadura omnímoda sobre a burguesia? O resumo mais conciso é encontrado na seguinte passagem de uma carta que Marx escreveu em 1852 a J. Weydemeyer, uma passagem que todos nós estudamos hoje. Marx disse: “Quanto a mim, não tenho crédito por ter descoberto a existência das classes na sociedade moderna nem sua luta entre si. Muito antes de mim, alguns historiadores burgueses haviam exposto o desenvolvimento histórico desta luta de classes e alguns economistas burgueses sua anatomia econômica. A novidade que apresentei foi demonstrar: 1) que a existência de classes está ligada apenas a certas fases históricas do desenvolvimento da produção; 2) que a luta de classes conduz necessariamente à ditadura do proletariado; 3) que esta ditadura em si mesma nada mais é do que a transição para a abolição de todas as classes e para uma sociedade sem classes”. Lenin assinalou que esta passagem magnífica de Marx conseguiu expressar de uma forma surpreendentemente clara a diferença fundamental e cardinal entre a doutrina marxista e a doutrina burguesa do estado e a essência da teoria marxista do estado. Deve-se ter em conta aqui que Marx expôs a passagem sobre a ditadura do proletariado em três pontos, que estão interligados e inseparáveis. Não é possível tomar apenas um deles, descartando os outros dois, pois esta passagem expressa plenamente todo o processo de surgimento, desenvolvimento e extinção da ditadura do proletariado e engloba todas as suas tarefas e conteúdos reais.

Em sua obra Lutas de Classes na França de 1848 a 1850, Marx disse em termos mais concretos que esta ditadura é o ponto de transição necessário para a supressão das diferenças de classe em geral, para a supressão de todas as relações de produção em que estas repousam, para a supressão de todas as relações sociais que correspondem a essas relações de produção, para a subversão de todas as ideias que surgem dessas relações sociais. Ao que se referiu Marx aqui é a “todas”.

“Todas” nos quatro aspectos! Não é uma parte, nem a maioria, nem a esmagadora maioria, mas a totalidade! Isso não é surpreendente, já que o proletariado só poderá finalmente se emancipar emancipando toda a humanidade. Para alcançar este objetivo, não se pode senão exercer uma ditadura omnímoda sobre a burguesia e levar a continuação da revolução sob a ditadura do proletariado até o fim, até a eliminação no globo terrestre dessas “todas” nos quatro aspectos, de modo que se impossibilidade a existência e o ressurgimento da burguesia e das demais classes exploradoras. De forma alguma devemos parar no caminho de transição. Em nossa opinião, apenas esse entendimento pode ser descrito como uma assimilação da essência da teoria do Estado de Marx. Pensem, camaradas: se a questão não for entendida desta maneira, se o marxismo for restringido, cerceado e distorcido tanto teórica como praticamente, a ditadura do proletariado é reduzida a palavras vazias e se mutila a ditadura omnímoda sobre a burguesia, exercendo-a apenas em certos campos e não em todos e praticando-a apenas em uma determinada etapa (por exemplo, antes da transformação do sistema de propriedade) e não em todas, isto é, não destruindo completamente todas as “aldeias fortificadas” da burguesia mas deixando algumas delas para engrossar novamente suas fileiras, então, isso não equivale a preparar as condições para a restauração burguesa?

Isso não significa transformar a ditadura do proletariado em algo que proteja a burguesia e particularmente a burguesia recém-surgida? Todos os trabalhadores, camponeses pobres, camponeses médios da camada inferior e outros trabalhadores que se recusam a sofrer as dificuldades e opressão novamente, todos os membros do Partido Comunista determinados a devotar suas vidas inteiras à luta pela realização do comunismo, e todos os camaradas que não querem que a China se torne revisionista devem ter em mente este princípio marxista fundamental: devemos exercer uma ditadura omnímoda sobre a burguesia e não parar de forma alguma no meio do caminho. É inegável que alguns de nossos camaradas aderiram ao Partido Comunista organizacionalmente, mas não ideologicamente. Sua concepção de mundo ainda não ultrapassou os limites da pequena produção ou da burguesia. Aprovam a ditadura exercida pelo proletariado durante uma determinada etapa e sobre um determinado terreno e se contentam com algumas vitórias alcançadas, pois isso lhes traz certos benefícios. Uma vez adquiridos esses benefícios, eles pensam que podem acampar e se estabelecer para acondicionar seu ninho confortável. Vá com a ditadura omnímoda sobre a burguesia! Vá com o primeiro passo da grande marcha dos dez mil li! Desculpe, que há façam outros, já que cheguei ao meu destino e devo descer do carro. Aconselhamos esses camaradas: É perigoso descer na metade do caminho! A burguesia os convida fazendo um sinal com as mãos; melhor será que marchem com as fileiras para seguir em frente!

A experiência histórica também nos mostra que à medida que a ditadura do proletariado ganha vitórias uma após a outra, a burguesia pode parecer aceitá-la na aparência, mas na realidade ela continua trabalhando para restaurar a ditadura burguesa. Isso é exatamente o que Khrushchev e Brezhnev fizeram. Embora não tenham mudado os nomes do “Soviete”, nem do partido de Lênin, nem da “república socialista”, aceitaram esses nomes e os usaram como uma tela para privar a ditadura do proletariado de seu conteúdo real, transformando-a em uma ditadura da classe capitalista monopolista contra o Soviete, o partido de Lenin e as repúblicas socialistas. Eles apresentaram o programa revisionista do “Estado de todo o povo” e do “partido de todo o povo”, que nega abertamente o marxismo. No entanto, quando o povo soviético se levanta contra sua ditadura fascista, ele levanta a bandeira da ditadura do proletariado para reprimir as massas. Casos semelhantes aconteceram na China. Liu Shao-chi e Lin Piao não se limitaram a propagar a teoria da extinção da luta de classes; eles também ergueram a bandeira da ditadura do proletariado quando começaram a sufocar a revolução. Lin Piao não levantou quatro “para não esquecer por um momento”? Entre eles, “não se esqueça por um momento da ditadura do proletariado”. Na verdade, ele não esqueceu por um momento, apenas que a palavra “derrubar” deveria ser interposta, para ler a frase assim: “não se esqueça por um instante de derrubar a ditadura do proletariado”, ou, como sua própria quadrilha confessou, “golpear as forças do presidente Mao agitando a bandeira do presidente Mao. ” Em algumas ocasiões, eles “obedeceram” ao proletariado e até se apresentaram mais revolucionários do que qualquer outra pessoa, levantando alguns slogans “esquerdistas” para criar confusão e sabotagem. No entanto, o que muitas vezes fizeram foi combater o proletariado medida por medida. Vocês queriam trabalhar pela transformação socialista? Falaram da necessidade de consolidar o novo regime democrático. Vocês queriam criar cooperativas e comunas populares? Eles eram da opinião que isso era prematuro. Quando vocês consideraram necessário fazer a revolução na literatura e na arte, eles argumentaram que não era prejudicial encenar algumas óperas de fantasmas. Vocês propuseram restringir a lei burguesa? Eles disseram que isto sim era algo magnífico e que deveria ser ampliado. Eles são um grupo de especialistas na defesa das coisas velhas e são como um enxame de moscas zumbindo o dia todo em torno dos “estigmas” e “defeitos” da velha sociedade a que se refere Marx. Eles são particularmente apaixonados por explorar a inexperiência de jovens e adolescentes para proclamar entre eles a ideia de que o incentivo material é como o fétido de queijão de soja, fedorento no cheiro mas saboroso no paladar. Eles cometem atos ignominiosos sempre sob o rótulo de socialismo. Quando alguns criminosos se entregam à especulação, apropriação indébita e peculato, eles não pretendem realizar uma colaboração socialista? Quando alguns incitadores espalham venenos entre jovens e adolescentes, não agitam a bandeira da atenção e solicitude para com os seguidores da causa comunista? Devemos estudar suas táticas e sintetizar nossas experiências para exercer com mais eficácia a ditadura omnímoda sobre a burguesia.

“Querem libertar o vento da ‘comunização’?” Criar rumores fazendo essa pergunta é uma tática que algumas pessoas usaram recentemente. A elas podemos responder expressamente que jamais permitiremos que o vento de “comunização” levantado por Liu Shao-chi e Chen Po-ta se repita. Sempre sustentamos que os bens que nosso país produz, em vez de sobrarem, estão longe de ser suficientemente abundantes. Enquanto a comuna não tiver tantos produtos para “comunizar” com a brigada de produção e a equipe de produção e enquanto as empresas de propriedade do povo não puderem fornecer produtos extremamente abundantes para distribuir aos nossos 800 milhões de habitantes de acordo com suas necessidades, não podemos senão continuar com a produção de mercadorias, a troca por meio de dinheiro e a distribuição à cada um de acordo com seu trabalho.

Em relação aos danos que esses sistemas acarretam, adotamos e continuaremos a adotar as medidas cabíveis para restringi-los. A ditadura do proletariado é uma ditadura exercida pelas massas. Estamos convencidos de que as grandes massas dirigidas pelo Partido têm força e capacidade para lutar contra a burguesia e finalmente derrotá-la. A velha China era um país submerso em um vasto oceano de pequena produção. É sempre um problema sério e requer o esforço de várias gerações levar a cabo uma educação socialista entre as várias centenas de milhões de camponeses. No entanto, os camponeses pobres e camponeses médios da camada inferior representam a maioria deles. Através da práticas eles se dão conta que sua única perspectiva brilhante é marchar no caminho socialista seguindo o Partido Comunista. Nosso Partido confiou neles para se unir aos camponeses médios no avanço gradual da equipe de ajuda mútua, a cooperativa de produção agrícola de tipo inferior, a cooperativa de tipo superior, até a comuna popular, e podemos sem dúvida conduzi-los a continuar seu avanço.

Gostaríamos, de outro lado, chamar a atenção dos nossos camaradas para o fato de que atualmente sopra outro tipo de vento, o vento “burguês”. Este é o modo de vida burguês apontado pelo presidente Mao, o vento sinistro liberado por aquelas “partes” do povo que se tornaram elementos burgueses. O vento “burguês” que se desencadeia entre os membros do Partido Comunista e, em particular, entre os quadros dirigentes, que constituem essas “partes” do povo, nos fere ao máximo. Envenenados por esse vento sinistro, alguns estão obcecados pela ideologia burguesa, buscam posições e lucro pessoal, e consideram isso mais honroso do que vergonhoso. Certas pessoas foram tão longe que consideram tudo como mercadoria, inclusive elas mesmas. Eles se filiam ao Partido Comunista e fazem algum trabalho para o proletariado com o único propósito de elevar sua condição de mercadoria e de cobrar preços elevados do proletariado. Aqueles que são comunistas de nome e novos elementos burgueses de fato mostram as características de toda a decadente e moribunda burguesia.

Na história, quando estavam em seu estágio de ascensão, a classe escravista, a classe dos latifundiários e a burguesia fizeram algo positivo para a humanidade. Agora os novos elementos burgueses, que vão na direção totalmente oposta aos seus antecessores, apenas desempenham um papel destrutivo para a humanidade e não são nada mais do que um monte de “novo” lixo. Entre aqueles que fabricam o boato de que vai se desencadear um vento de “comunização”, alguns são novos elementos burgueses que tornaram privados os bens públicos e temem que o povo volte a “praticar a comunidade desses bens”, e outros são tipos tentando aproveitar a oportunidade para pegar uma fatia. Essas pessoas são mais sensíveis do que muitos de nossos camaradas. Alguns de nossos camaradas dizem que estudar é uma tarefa fácil, mas essas pessoas percebem instintivamente que o estudo atual é uma tarefa difícil para ambas as classes, o proletariado e a burguesia. É possível que elas realmente desencadeiem algum vento de “comunização” ou, adotando um certo slogan nosso, confundem deliberadamente os dois tipos de contradições de naturezas distintas e conspirem para alguma má jogada. Isso merece nossa atenção.

Sob a direção do Comitê Central do Partido liderado pelo Presidente Mao, os gigantescos contingentes revolucionários proletários, compostos pelas massas de centenas de milhões em nosso país, estão dando passos adiante. Com a experiência prática dos 25 anos de ditadura do proletariado e com a experiência internacional acumulada desde a Comuna de Paris, e sempre que as nossas centenas de membros do Comité Central do Partido e milhares de quadros de alto escalão assumam a dianteira e, juntamente com os outros quadros e as massas, leiam e estudem conscienciosamente, façam pesquisas e estudos e sintetizem a experiência, poderemos colocar em prática o apelo do Presidente Mao, obter uma compreensão clara do problema da ditadura do proletariado e garantir que o nosso país avance vitoriosamente seguindo o caminho indicado pelo Pensamento Marxismo-Leninismo-Mao Tsetung. “Os proletários não têm nada a perder com ela [a revolução comunista] além de suas correntes. Em vez disso, eles têm um mundo a ganhar.” Esta perspectiva, infinitamente brilhante, estimulará continuamente um número crescente de trabalhadores e outros trabalhadores conscientes e sua vanguarda, os comunistas, a perseverar na linha fundamental do Partido e na ditadura omnímoda sobre a burguesia e a continuar até o fim da revolução sob a ditadura do proletariado! O colapso da burguesia e das demais classes exploradoras e a vitória do comunismo são inevitáveis, necessárias e independentes da vontade do homem.

Primeira vez publicado: Revista Hongqi, nº 4 de 1975.

 

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