BRICS: Um Bloco Imperialista

Por Communist Workers Plataform USA, via New Worker, traduzido por Diana Romero

BRICS é um agrupamento de estados em rápido desenvolvimento, buscando afirmar sua influência econômica na cena mundial como um bloco unido, e de peso, na política internacional.

Comunistas devem manter-se vigilantes quando analisam esses desenvolvimentos em assuntos globais, avaliando precisamente a posição e caráter de classe de cada um destes estados da pirâmide imperialista. Além disso, é crucial considerar os objetivos mais brandos do BRICS como um bloco dentro do sistema imperialista global.

Ao contrário das reivindicações de alguns grupos da “esquerda”, a emergência do BRICS como um contraponto às potências ocidentais tradicionais, representa não “o potencial para criar aberturas para o projeto (de construção do socialismo)”, desafiando os “desequilíbrios entre nações”, mas significa um agravamento das contradições entre os dois grande blocos imperialistas, que disputam o controle do lucro do monopólio global.

Prepara o terreno para tensões amplificadas e confrontos diretos entre estes blocos, representados pelo G7 de um lado, e o BRICS do outro.

O que é o BRICS?

BRICS é uma associação econômica formada por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Desde de sua criação em 2006 (com a adesão da África do Sul em 2010), o grupo vem crescendo significativamente, em peso e influência, no sistema econômico global.

BRICS tem como objetivo servir de contraponto o bloco econômico representado pelo Grupo dos Sete, ou G7, composto por Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, o Reino Unido, e os Estados Unidos da América.

Buscam alcançar seu objetivo ao aprofundar a cooperação e coordenação econômica, facilitadas pelo Novo Banco de Desenvolvimento, com sede em Xangai, que afirma “apoiar projetos públicos ou privados pelo meio de empréstimos, garantias, participações acionarias, e outros instrumentos financeiros”.

BRICS tem se desenvolvido num ritmo rápido nas duas últimas décadas, constituindo uma parcela ainda maior da economia global e até mesmo passando o contingente do PIB do G7 em 2022, com os cinco países originais do BRICS compondo 31.5% do PIB global, comparado aos 30% do PIB do G7 (que caiu de aproximadamente 40% em 2000).

A crescente importância econômica destes países gera uma hostilidade crescente dos estados do G7, que buscam manter a preeminência se seus interesses monopolistas em todo o mundo.

Ao solidificar sua força econômica e militar, a polarização entre os dois blocos se intensifica, aumentando as tensões e a divisão.

BRICS+

Em sua mais recente cúpula, em Agosto, o BRICS se expandiu para incluir Argentina, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita, e os Emirados Árabes Unidos entre seus membros, com mais de quinze outros países aprovados para adesão, representando uma mudança notável na balança global de poder.

Particularmente, a adesão de Irã e Arábia Saudita, duas grandes potências da Ásia Ocidental, envolvidas em uma disputa econômica e militar de décadas pela hegemonia de sua região do planeta. O fato de estes dois países escolherem cooperar agora, mais do que nunca, indica um crescente interesse compartilhado de sua parte em enfrentar a dominação econômica (e militar) dos poderes do G7.

O Presidente Lula da Silva, do Brasil, também apelou à uma moeda comum dos BRICS, durante a cúpula, embora este item não estivesse na agenda. Outros líderes como o Presidente Russo Vladimir Putin (através de uma videochamada), discutiram a necessidade de conduzir o comércio entre os países membros, em moedas nacionais ao invés do dólar norte-americano.

Tais esforços são motivados pelas sanções impostas por países ocidentais e norte atlânticos, particularmente os EUA, em países como a Rússia e o Irã, incentivando suas classes dominantes a buscar e desenvolver mecanismos financeiros e moedas alternativas que não sejam ligadas ao dólar, que predomina na economia mundial atual.

Preparando o terreno para o Socialismo?

Apesar destes desenvolvimentos, não devemos enxergar os desafios que o BRICS posa às potências capitalistas-imperialistas tradicionais do G7, como um desenvolvimento positivo no movimento internacional comunista. BRICS é uma força, não para Socialismo, mas para uma exploração extensiva da classe trabalhadora global pelos poderes imperialistas que nos governam.

O objetivo destas potências em crescimento, é cravar uma parcela maior da torta capitalista de suas classes dominantes respectivas. Qualquer desenvolvimento dos fundos do PIB é em prol do desenvolvimento capitalista, do benefício dos interesses monopolistas.

Da mesma forma, os esforços em curso para “desdolarizar” suas economias para escapar de sanções norte-americanas, apesar de não serem necessariamente prejudiciais para os trabalhadores impactados por elas, de forma alguma constitui uma política socialista. Cada membro do BRICS é um estado capitalista buscando desenvolvimento capitalista: A continuação das relações de prioridade privada e a exploração da classe trabalhadora.

Os BRICS buscam aproveitas o peso econômico de seus membros estados para afirmar mais controle e aumentar o alcance de seus monopólios na extração de cada vez mais lucro dos trabalhadores, seja no próprio país ou em países afora.

O crescimento do BRICS prepara o terreno, não para o Socialismo, mas para uma competição mais acentuada e um conflito mais acelerado entre os blocos imperialistas dominantes. De forma mais direta: Prepara o terreno para uma nova guerra inter imperialista.

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